quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

São coisas do coração

"Podem até machucar meu coração, mas meu espírito ninguém vai conseguir quebrar"
(Renato Russo)

Em qual momento da história humana foi convencionado que as emoções e os sentimentos são ligados ao coração, o órgão responsável pela oxigenação e circulação do sangue no corpo? Aliás, como se chegou ao formato de coração daqueles cartões de amor? É que passei muito tempo imaginando um coração dentro de mim num formato romântico, imaginando ainda, ele batendo de um lado pro outro, preso através de uma cordinha, tipo aqueles ponteiros de relógios tic-tac, como em desenho animado.

E tem mais: meu irmão me dizia para não engolir chiclete porque ele poderia fazer o meu coração grudar na parede do meu corpo durante essas batidas. Então, meu coração iria parar e eu iria morrer, pois sem coração funcionando ninguém vive. É verdade, assim como ninguém vive sem pulmão, rim, fígado, pâncreas... Não é? Então poderíamos escrever um bilhetinho de amor e, em vez de desenhar um coraçãozinho, por que não um pulmãozinho? Por que não virar para o seu amor e dizer: “o meu esôfago é seu”?

É verdade que, sendo um fator físico ou psicológico (ou os dois), quando sentimos emoções fortes, sejam elas boas ou ruins, o coração acelera e dói, literalmente dói. Ou acontece só comigo? É como se alguém o pegasse e o espremesse bem forte com a mão. Ou como se ele fosse alfinetado com bastante força, mas não chegasse a furar. Eu costumo sentir isso quando borboletas voam loucamente atrás de mim, afinal, se tem uma coisa que me deixa em pânico, é uma borboleta. Parada ou voando, tanto faz, o coração dói de qualquer jeito. Mas essa é uma situação irrelevante, porque eu sinto isso mesmo é quando recebo uma notícia triste, ouço o que não quero ou coisas do tipo. Vai direto pro coração, como se alguém tivesse um bonequinho de Vodoo e bem naquele momento espetasse o coitado do meu órgão responsável pela oxigenação e circulação do sangue.

Talvez eu tenha faltado alguma aula de Biologia, mas eu gostaria de saber se é normal sentir essa dorzinha chata. Posso estar tendo um ataque cardíaco, e nem sei? Afinal, se eu fosse para o pronto-socorro e explicasse a minha situação, seria improvável que me encaminhassem ao cardiologista, no máximo a um psicólogo, talvez. Aliás, em certas situações, preocupantes e desconfortáveis, pode doer também o estômago, mas, neste caso, o que se tem chama-se: gastrite. Além disso, em algum momento de dor, nervosismo ou ansiedade, quem nunca se sentiu com a garganta atravessada? Ou, ainda, com mãos, pernas e braços trêmulos? Perceba que não é o coração o único órgão afetado pelos sentimentos e emoções.

Uma desilusão, uma tristeza, uma alegria, uma conquista ou derrota atingem todo o corpo, regula ou desregula qualquer organismo e mexe com qualquer processo de ordem vital. Mas por que só o coração é o coitadinho da turma? Dor, em qualquer lugar, é doença, é sinal de uma alimentação inadequada, falta de esportes ou coisas afins. No entanto, se for no coração, que quando resolve doer, dói, dói mesmo, a ponto de quase adormecer e deixar um buraco, é simplesmente coisa que não se explica.

6 comentários:

  1. Ah! outro dia tava pensando... ansiedade da Insônia tb, ou seja, cérebro! =)

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  2. meu coração fica no estomago, não é a toa que tenho gastrite. rsrs
    =)

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  3. Li que nos tempos do rei Davi, a dor dos sentimentos e emoções era sentida nos rins. Ele diz isso em vários de seus salmos, também diz "estremessem meus ossos, minha alma está aflita". Eu costumo dizer que dói tudo, porque tem horas que a gente não sabe identificar o foco. É bem verdade que os sentimentos dolorosos também podem provocar doenças, é o caso da depressão e do stress. E há aqueles que literalmente morrem de tristeza.
    Isso dá uma boa tese para doutorado...

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  4. pior que dói mesmo! Parece que fica bem pequenininho!! Vai entender ne??

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  5. Muito bom, Giselle! Concordo plenamente! O coração "quando resolve doer, dói, dói mesmo"!
    Mas é tão maravilhoso também quando alguém nos faz algo bom, que parece estar fazendo um carinho de leve direto no mesmo coração! Esse órgão tão complicado!

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