terça-feira, 22 de maio de 2012

Uma verdade






o amor
ALTERA
todos os discursos



ponto. 





sexta-feira, 11 de maio de 2012

Cena 01

Quando a vi pela primeira vez ela caminhava a passos largos de bêbado, numa ruazinha esquecida do Centro, a noite já dentro. Cigarro aceso, garrafa na mão e um riso aberto. Ela olhava pra cima, pro alto dos prédios, procurando sabe deus o quê.

Fui ao seu encontro sem saber como proceder: nos falamos algumas vezes por telefone e e-mail, e sempre no tom profissional do trabalho. Não tinha idéia de como ela se permitira vir bêbada ao meu encontro. Mas fui ter com ela. Chamei-a pelo nome, ela me olhou surpresa.

__ Você quem é?
__ Filipe. Nos falamos hoje cedo por telefone.
__ OOOOOOIII, Filipe. Vai me desculpar. Acabei de ser deixada no altar.
__ Como?
__ Não que eu estivesse no altar dez minutos atrás. Não, mas tava quase lá. Filipe, ia me casar mês que vem. Daí meu noivo achou legal terminar comigo. E ainda me pediu a aliança de volta, vê só, pra empenhar.

E aí eu fazia o quê? Não sabia nem que ela era noiva. Como consolar alguém que não conheço? Era péssimo com essas coisas.

__ Daí, Filipe, daí resolvi beber. Nunca fui muito de beber, mas essa situação merecia um porre, não acha?

Ela passou por mim ainda rindo, o álcool misturado com o perfume dela, e eu fiquei...engraçado. Realmente não sabia o que fazer, então só fiquei ali parado, esperando pelo próximo movimento dela. Ela parou perto de mim, me jogou um olhar escrutinador e, por fim, estendeu a mão pra um cumprimento.

__ Oi, Filipe. Prazer te conhecer. Vai desculpando o mau jeito.

Eu meio que sorri, e fiz um aceno leve de cabeça. Ela devia me achar um idiota, pensei. E depois pensei no porquê de me preocupar com o que ela achava de mim. Mas me preocupei. E não quis parecer idiota. E falhei. O cumprimento não terminou, ela não soltou minha mão, por isso falhei.

__ Filipe, a gente pode deixar nossa reunião de trabalho prum outro dia? Hoje eu quero...
__ O quê?
__ Quero rodar. Vem, vamos rodar.

Descemos de mãos dadas pelas vielas do Centro. Ela ia num passo apressado e eu atrás tentando acompanhar mas sem parecer muito afoito. No passo apressado ela ia me narrando sua tragédia pessoal, de maneira não muito linear, e misturava o sorriso com lágrimas vez em quando. Daí ela parava, sem mais nem menos, se encostava no muro e fazia que não com a cabeça.

__ Posso te levar pra algum lugar?
__ Precisamos de mais bebida antes disso, Filipe. Não sei pra onde você quer me levar, mas sei que lá não tem bebida. E sem bebida não tem negócio hoje, Filipe.
__ Eu entendo. Mas tem algum lugar que você queira que eu te leve?
__ Tem, Filipe. Pior que tem.

Ela me arrastou até a Igreja Matriz. É.

__ Filipe, eu ia casar aqui mês que vem. Agora não vou mais. Ó, tem nem aliança mais no dedo, só a marquinha do sol. Era linda a minha aliança, Filipe. Agora tá empenhada.

Ela fez cara de surpresa, depois guardou um breve silêncio. De cabeça baixa, me perguntou se eu podia ajudá-la a contar pro padre que o casamento tinha sido cancelado.

__ Mas nesse estado? Você acha prudente? Afinal, é um padre, não sei se ele vai gostar de te ver assim.
__ Quem liga? Você liga? Eu não ligo pro que o padreco aí acha: eu fui largada. Se tô bebendo a culpa não é minha, se não tivesse sido largada tava linda em casa pensando nos docinhos da minha festa. Uma hora tava pensando nos docinhos e de repente virei um pudim de cana. E eu não ligo, Filipe. E você parece ser um cara muito bacana, então hoje, por mim, você também não vai ligar.
__ Mas ó, já é noite. Não acha melhor voltar aqui amanhã? Venho com você se você quiser, sem problema algum.
__ E você pretende passar a noite comigo pra vir aqui amanhã? Porque ó, hoje não durmo. Não tem como dormir, Filipe, ou tem? Como eu vou deitar a cabeça no travesseiro sem lembrar daquele desgraçado que me largou com o casamento todo pago? Porque, Filipe, eu não sei se eu te falei, mas tava tudo pago. Meu pai pagou tudo, coitado, até a lua-de-mel pra Fernando de Noronha ele pagou. Meu Deus do céu, Filipe, tenho nem como pagar pro meu pai essas coisas aí. Será que posso cobrar dele?
__ Escuta, vamos deixar a conversa com o padre pra amanhã. Deve ter outra coisa que você queira fazer agora.

Ela fez que sim com a cabeça e voltou a me arrastar pela cidade. Paramos em frente à loja de penhores. Claro. Estava fechada, mas ela não se deu por vencida. Bateu, bateu, bateu. O dono veio ter com ela meio indignado, mas ela chorou litros e ele enfim abriu a porta. Ela me pediu pra aguardar do lado de fora e entrou sozinha. Cinco minutos depois, veio ter comigo.

__ Você tem quinhentos reais aí? O infeliz empenhou minha aliança por essa mixaria. Não dá pra acreditar que eu ia casar com esse cara.
__ Tenho não.
__ Você pode ir no banco sacar?
__ Também não tenho no banco não.

Nem se tivesse, ela resmungou. Voltou pra loja e saiu um minutinho depois, brava, bem brava. O dono não quis devolver a aliança sem receber o valor do empenho. Não adiantou nem contar sua tragédia pessoal.

Seguimos andando pela cidade, parando ocasionalmente pra comprar bebida. Ela entornava vorazmente uma garrafa de pinga, da branca, a pior. Eu bebia uma cervejinha. Conversamos um pouco sobre ela, as coisas que ela fazia, as coisas que ela gostava, e a cada minuto eu gostava mais dela. E não conseguia vislumbrar um motivo sequer pra uma mulher como ela ser deixada. Tentei verbalizar isso, certamente a faria se sentir melhor, mas preferi não falar nada.

Já devia passar da meia-noite, já havíamos andado por horas. Paramos na praça, eu me sentei, ela ficou em pé, falando sozinha. Do nada a música começou a tocar. Era uma música antiga, me lembro de ouvir quando criança, meu pai escutava muito em vinil. Começou a tocar mas nem eu nem ela pudemos precisar de onde vinha: não havia uma luz acesa em nenhum prédio, nem carro passando, nada. E a música vinha alta e clara, tão perto da gente, e ao mesmo tempo de lugar nenhum. Ela parou, encantada. Sorriu, encantada. Eu olhei pra ela, encantado.

__ Parece que temos trilha sonora, Filipe.

Ela rodou, e rodou, e rodou. E aí parou e me encarou, as lágrimas escorrendo fartas. Eu a puxei pra perto e a beijei. Ela não resistiu. Nos beijamos longamente, e a música não terminava, e ela amoleceu no meu braço. Findo o beijo ela voltou a me olhar, e me puxava com o olhar pra ela. A música continuava, e eu a olhei por longos minutos, uma eternidade. Sorri. Ela sorriu também.

__ Me senti num filme, Filipe. Isso não é coisa que se faça.

 

quarta-feira, 9 de maio de 2012

Mendigos, poetas e seus amores


Porque a gente se apaixona pela vida, pela pessoa... e pela cidade também

É no Viaduto do Santa Tereza que meus joelhos tremem. Aqui embaixo vão os mendigos, enquanto que os poetas passam lá em cima - embora haja casos de completa indistinção entre seres e caminhos. Me contaram, afinal, que era por onde Drummond e tantos outros caminhavam madrugada adentro, imersos em boemia e solidão. Lembro disso e apresso o passo como em poesia. É preciso estar atento ao que pode te tomar de assalto. Certa vez, alguém disse: “ela passa por aqui todos os dias”. Tremi. Morri. E suspeitei ser tempo de mudar o trajeto e, assim, a história quase inteira. Em cada esquina, há policiais distraídos e eles me parecem um tanto quanto vulgares.

Viaduto Santa Tereza – construído em 1929 – os mais inspirados e aventureiros escalam os arcos

Avistei um garoto que, como eu, levava cor nos cabelos e duvidava da vida: não sabia o que era falso, verso ou devaneio. “O que há de tão poético nessas Minas?” - Eu não cansava de me perguntar. Foi já na Estação Central do metrô que uma Sra. Gari, meio translúcida de cansaço, meio feliz de cachaça, avistou o trem (o trem de verdade), de longe, e disse: “Lá vem o bichão! Pode correr gente! Olha isso, de tão feio, é bonito!”.

Me despertou um sorriso convincente: essas são as Gerais, onde se é apaixonado pela simplicidade e leveza da vida, e a coincidência é um encontro com o cotidiano que facilmente vira verso. Eis o segredo da crônica. Mais de 20 milhões de pessoas por entre as mais de 800 cidades, seus queijos, cachaças, doces de goiaba, miniaturas em pedra-sabão, tantos nomes de santo e um histórico inteiro de romances indecifráveis.

Gameleira: onde Rio Branco nasceu; e meu destino é acordar

Por estas Minas Gerais se vai em silêncio tranquilo, por algo que preenche o peito; se volta por algo que sufoca e não cabe mais. BH, afinal, é dona da grandeza que atrai e amedronta sua vizinhança. Em alguns casos, gera conflito e inveja, só por conta de sua completude e autonomia - como num amor não correspondido. E só quando brinquei de poeta e rabisquei estas linhas, que me dei conta que meu destino diário é a Estação Gameleira, aquela de mesmo nome da árvore da curva do rio, d’onde Rio Branco nasceu, lá no Acre. Viu só?

Encontro e saúdo Paulo Mendes Campos, aquele cronista que diz que “o amor acaba”, e sou obrigada a concordar, porque ele também sabe que o amor recomeça, em qualquer esquina, diante de qualquer sorvete, espetáculo de dança, canção do Milton Nascimento ou ipê amarelo da Praça da Liberdade.

Praça da Liberdade: onde é justa toda forma de amor, bem como guerra de travesseiros, espetáculos de beijos, lágrimas civis e um jardim que perfuma longe

Mas o que eu queria, o que eu queria mesmo, era compreender estes olhares, ser poeta e ordenar algumas frases que expressassem bem o fato de que, naquele dia, embora houvesse sol, caqui e tempo, faltava alguém que deixasse as mãos firmes, ajudasse a ocupar o banco vazio e ouvisse o chamado (acreano) que diz: “cuida...”. E me dou conta da sensação de que tudo só pode ser somente quase perfeito.

Ítalo Calvino não é mineiro, mas talvez pudesse ser; foi ele quem ensinou, pois, que “de uma cidade, não aproveitamos suas sete ou setenta e sete maravilhas, mas a resposta que dá às nossas perguntas”. A cidade, penso eu, é o que cada um é como indivíduo, e se torna o que você está disposto a ser ou a questionar. Belo Horizonte foi uma ilha. Agora é constelação que compõe um Cruzeiro do Sul e me sinaliza: “avante!”.  


ps: fotos encontradas pela internet, sem autoria informada




sexta-feira, 4 de maio de 2012

Mórbido*


Depois de mais de uma hora esperando o ônibus, que só passava lotado, resolvi encarar a multidão enlatada e me juntar a aquele sacrifício. Na entrada um senhor meio cego pisa no meu pé e nem pede desculpas. Eu peço. O cartão de passe livre que nem sempre é fácil resolve se calar em seus códigos chipados e sou obrigado a tirar da carteira os últimos reais que guardava para um lanche rápido que faria ao invés de um prato de feijão com arroz e salada costumeiro. O dia já começava me dando pistas de que seria daqueles em que só não temos ataques de fúrias por saber que existem policiais muito mais violentos que qualquer surto. Melhor me espremer de algum jeito e, pelo menos, ouvir um rock no aparelhinho de mp3 escondido no fundo da mochila e que levo horas pra encontrar e, mesmo assim, a bateria acaba antes da primeira música. Pelo menos a paisagem do lago e da esplanada vai me tirar a atenção, mas as comemorações do aniversário da cidade faz aquelas paisagens ficarem turvas e sem graça. Tomara que a rodoviário chegue logo, pois este baú não parece que está indo pra lá. No aperto da saída o empurra me faz cambalear e derrubar a mochila onde, bem guardado e protegido, está o meu tablet novinho comprado em 24 prestações no cartão de crédito. Quebrou. Pensei logo dando uma forcinha a mais para o mau agouro que parecia ter me acordado e me seguido durante o inicio daquela manhã. Só um arranhão, mesmo com toda aquela proteção de plástico bolhas. Um cafezinho, certamente, me fará esquecer estas mazelas de cidade grande. E aquele cigarrinho depois, esquecendo claro da minha asma, para tentar escurecer os sentimentos tanto quanto ao pulmão. Porra de isqueiro que não funciona. Ela me chama pelo nome e eu nem sabia que ela sabia o meu nome. Queria também acender o cigarro. Porra de isqueiro que não funciona. Tento puxar uma conversa sobre estes pequenos importados que nos deixam na mão e ela simplesmente me diz que não tem problemas e vai embora. Mais na frente ela vira-se e me sorri, e me manda um beijinho de ponta de dedos. Pra quê isqueiro? Minhas esperanças acenderam e eu tenho a tímida sensação de que ganhei o dia. Mas ela vai embora sem mais e deixa aquela pequena chama ardendo. É o combustível que preciso pra passar mais um dia na solidão mórbida desta cidade.

*Texto de autoria de Silvio Margarido, diretamente de Brasília, publicado originalmente em seu blog, O Reino da Entonação.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Do fim ao começo


Era uma vez... Assim como eram todas as vezes. Madrugada, você deitada na cama encarando o relógio no criado mudo. Eu chutava a porta, depois de tentar, sem sucesso, meter a chave no buraco da fechadura. “Calma, cacete. Já vou abrir”, lá vinha você, bodejando sei lá mais o quê, que de tão bêbado nunca lembrei.

Todas as vezes que eu me via preferir a mesa de bar a tua companhia, lembrava de quando largara meu mundo pelas tuas vontades. Tu querias sair do sítio. E lá fomos nós, jurando amor eterno, prometendo estudar, trabalhar, ter filhos, casar. Não necessariamente nessa ordem.

Nossos planos de amores feitos ao lado dos pés de amora, em cima dos jambeiros e ingazeiros, aos poucos se desfaziam no segundo andar do nosso prédio, onde as paredes me sufocavam. A rotina também. A cidade te tirou aquele ar de menina do campo, Soraia. Flores no cabelo, cara limpa, vestimentas singelas... Teus cachos, que eu tanto amava, você esticou. Tuas unhas agora combinavam com a boca vermelha. Até teu cheiro deixou de ser teu (e meu). 

Depois de meses de bebedeira continua pra fugir de nós, você já tinha aprendido. Com gente bêbada não se discute. E me deixava soltar os cachorros, despejar as cobras, os lagartos, enquanto você engolia os sapos, rãs e cururus. Engolia com maestria. Até um dia vomita-los todos na minha cara, enquanto dizia que engolir era fácil, difícil era digerir. E me mandou ir embora, sem saber que eu já planejava ir. Mas essa parte só veio agora porque eu comecei pelo final.

Até porque, diz o clichê, no começo tudo são flores. E nós éramos orquídeas crescendo sobre as árvores, em busca de sol. E brincávamos de esconde-esconde, corríamos pelo sítio, pulávamos pelados no açude, ríamos das piabas taradas mordiscando nossas coisas. Coisas estas, que descobrimos juntos.

A cerca que separava nossas terras tinha uma pequena falha. A falha mais certa de nossas vidas. Os dois faltosos pedaços de madeira que me permitiram adentrar teus lados em busca de uma pipa qualquer. Enquanto você, arengueira, ameaçava não devolver. “Eu que aparei, ela é minha”, gritava. E eu te mandei ir atrás das tuas bonecas, costurar roupinhas e me deixar em paz, com minhas coisas de menino.

Você dava de ombros. Dava língua. Mostrava o dedo do meio. Tinhosa, como sempre foi, batia o pé no chão e dizia não. E eu te odiei. Odiei por ter me feito, a partir dali, esquecer a pipa e as demais coisas de menino. Mas antes, corri atrás de ti, até cairmos no chão, nos atracando numa briga digna de filhotes de cães. A pipa já não tinha mais papel de seda, teus cachos enfeitados com folhas secas e você, ofegante, pedia trégua.

Deitamos lado a lado no chão. Tomamos minutos de fôlego em silêncio, até você quebra-lo com um riso baixo, que foi aumentando e aumentando devagar até se transformar na melhor das gargalhadas já registradas por minha memória auditiva. “Ta rindo de quê, em, menina velha?”. “To rindo da tua pipa, que ta só o bagaço. Nem tu nem eu vamos poder brincar”.

Eu lembro, Soraia. Eu lembro que foi assim. Lembro até do teu primeiro abraço demorado, quando terminei de consertar a escada da tua casa na árvore. Três degraus soltos, doze pregos, um martelo, um erro a cada cinco marteladas e um beijo no meu rosto a cada dedo machucado, pra aliviar a dor. Lembro que foi ali, naquela casa, que descobri teu corpo, o cheiro da tua nuca, teus beijos, tuas primeiras taras.

Foi assim.  Te escrevo em resposta aquela carta sem cabimento pra te dizer que não. É claro que eu não esqueci. Te contei de rabo a cabo, de trás pra frente como nossa história se deu porque, ao relembrar, eu sempre preferi terminar pelo início e começar pelo fim.

Beijos.

Jairo

pequeno grande monstro





- Precisei entorpecer minha saudade pra sobreviver os dias sem a tua presença. Precisei me convencer que a sua falta não era tão importante. Que não me custava a ausência dos teus beijos ou do toque da sua mão. Foi necessário repetir infinitamente que podia viver sem lembrar o teu cheiro. Mas mentia como nunca pensei que seria possível, ate para mim, que sou especialista em inventar mentiras internas para acalmar a minha alma. Eu me importava. A tua falta me matava. Todos os dias, lentamente. E agora que vou lhe ver, que o tempo decidiu ser nosso aliado e fazer os dias nos calendários ate o nosso encontro diminuírem, o pequeno monstro da saudade acordou. E se alimenta de tudo que lembre você. O problema, Moreno, é que tudo faz referência a você.
- Dizem que pessoas apaixonadas encontram o amor ate em uma folha de árvore caída  no chão, talvez seja esse o seu problema Pequena.
- O meu problema é que aqui não me faltam árvores. Quem mandou morar bem no meio da Amazônia?  Só sei que eu te quero Moreno. E sinceramente não me importa que o tempo seja nosso inimigo, e que nossos dias estejam contados. Aproveito cada hora. Todas as 72.  O pequeno monstro que existe aqui dentro já acordou, e eu preciso alimenta-lo um pouco pra que ele possa voltar a hibernar. O problema  é que ele sempre deixa uma bagunça depois que vai dormir. E no final do dia, tenho que ficar juntando os meus cacos pelo chão.