sexta-feira, 30 de julho de 2010

Haicais*


Ei dona abelhinha
o perfume que te trouxe
é duma flor minha.
Ataualpa - 22/04/2010

E agora, no entanto,
ninguém lembra da pequena
calcinha no canto.
Ataualpa - 27/04/2010

Gemas gêmeas no ar
joalheiro algum me dirá
quão vale teu olhar.
Ataualpa - 23/06/2010

Em resposta:

Soltas palavras no ar
é assim, ainda que não te diga
que fazes brilhar meu olhar.
Nathalia - 23/06/2010


A luz que entra, cai
no seu rosto, feito gotas
num curto haicai.
Ataualpa - 29/06/2010

Em resposta:

No cochilo da moça
sob olhar adormecido
tua face repousa.
Nathalia - 27/07/2010


*Por Ataualpa Pereira e Nathalia Melati.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A volta

Texto pessoal e sincerista

Dia desses tava assistindo a um filme, um documentário feito na Ilha de Cuba, retratando a vida de dez pessoas. Seu dia-dia, seus sonhos, seus medos. Numa das últimas cenas, uma moça diz: meu maior sonho é viajar pra poder voltar.

Isso de "poder voltar" demorou a fazer sentido na minha cabeça. Porque voltar costuma ser a parte menos esperada de viajar.

E então meu namorado precisou viajar. Dez dias longe do lugar ao qual ele pertence, ou seja, meu peito. Tudo bem, a ladainha da distância vocês já conhecem, já postei meu lamento nesta confraria anteriormente. Mas o que me chamou a atenção, dessa vez, foi justamente a volta.

É que eu entendi o que ela quis dizer com "viajar para poder voltar". Entendi do meu jeito, do jeito que me interessa, obviamente. Entendi que muito embora a ausência seja terrível e tenha doído todos os dias, quando ele voltou foi...glorioso.

Ele voltou com um livro de tiras do Snoopy pra mim, com uma dedicatória tão certeira que, na hora, me tirou o ar. Ele voltou com a barba por fazer. Ele voltou com tanto amor no abraço que me deu vontade de não sair dali nunca mais. Ele voltou com o olhar faminto.

Entendi o quanto voltar é magnífico. Pelo menos pra mim foi. Matar a saudade dos cheiros, redecorar os gestos, recuperar os sabores...e ficar com uma canção de retorno na cabeça por dias, e dias, e dias...ter minha casa de volta.

"Você voltou, meu amor, alegria que me deu..."

domingo, 25 de julho de 2010

Último Beijo

Morteiro, cruel, veneno lento
Ficou o fel
Lábios sedentos
Um dia mel
Quem terá o antídoto?

Covardias à parte
Despedida é a arte de deixar peito aberto
A gritar por razão
Quem será o bandido?

O tempo gasto nas horas,
A vida sem direção
Até encontrar num sorriso
Aquele que virá como antídoto
Que nem mocinho, outrora ladrão
A roubar um coração aflito.

sábado, 24 de julho de 2010

Autoajuda

Circulam por aí pelo menos 238 mil manuais de orientação comportamental relacionados ao amor. O sucesso da autoajuda, que nada mas é do que a ajuda de quem escreve, é prova de que o povo anda meio desorientado na atitude de amar.

Também, pudera! Não é nada fácil conciliar orientações populares como “você planta o que você colhe” com outras mais modernas, tipo: “ame primeiro a si próprio” ou ainda “o segredo é cuidar do jardim que as borboletas se achegarão”.

Muita coisa mudou desde a época dos nossos avós, mas um desejo continua intacto em cada ser vivo financeiramente independente (ou não): encontrar a tampa da panela, a batida perfeita, o par hollywoodiano, o amor da sua vida.

Esse ideal romântico, que costuma excluir as imperfeições, está presente no íntimo de cada pessoa emocionalmente ativa, inclusive daqueles que negam veementemente a monogamia e a capacidade humana de cuidar do próximo.

Mesmo após inúmeras desilusões, o desejo pelo par perfeito costuma ganhar uma sobrevida unida à esperança de encontrar, materializado em outrem, a paz, o carinho e o respeito de que se acham merecedores.

Dentre os 238 mil manuais podemos pinçar um interessante, que diz mais ou menos assim: “não espere a ação do próximo para fazer a sua parte”. Resumindo: se quer mesmo uma boa tampa, pode começar sendo uma panela perfeita.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Haicais*

Não deixe escapar
quem faz cócegas em tua alma
no jeito de olhar
Ataualpa - 22/04/2010

Quando o tempo estica
até quase rebentar,
só a saudade explica
Ataualpa - 25/05/210

Amor arriscado
terá para sempre o gosto
dum beijo roubado
Ataualpa - 27/04/2010

É na pele quente que
se lê nas curvas
leve sombra do toque.
Nathalia

Em resposta:

Os toques ecoam
pele adentro a badalar
no peito, ressoam.
Ataualpa

*Por Ataualpa Pereira e Nathalia Melati - um casal romântico e, por isso mesmo, muito bem vindo a essa confraria.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Amor, estranho amor

Avassalador
Chega sem avisar
Toma de assalto, atropela
Vela de incendiar
Arrebatador
Vem de qualquer lugar
Chega, nem pede licença
Avança sem ponderar

(Lenine)


O amor é injusto! É sim! Quando ele vem, vem de uma vez, nem sempre avisa ou dá sinal. Quando menos se espera, surge como quem estava à espreita em uma esquina escura, talvez por isso digam por aí que o coração tem esquinas, algumas escuras. Esse amor ora ou outra, assalta o coração das pessoas deixando imensa sensação de vazio e impotência, isso mesmo, aquela sensaçãozinha, de “nada”.


O danado tem características boêmias, pois surge, de repente, sem escrúpulos, de encontros fugazes, em mesas de bar, de bebedeiras despretensiosas e de amistosas partidas de sinucas. O amor é bandido, rouba a estima de mulheres gostosas, transforma brigões em diplomatas dando sumiço em suas fúrias, faz com que os rudes e grosseiros machistas abram mão de suas heranças culturais entre outras coisas que somem sem que percebam e que o amor responde a processo sendo o principal suspeito.


O amor tem lá suas excentricidades, é estranho ver carros de mensagem soltando fogos, emitindo mensagens e produzindo constrangimentos, mas os casais continuam fazendo isso e a culpa é de quem? Do amor. Bilhões de pessoas riem, acham um mico, criticam, fazem chacota, mas estranhamente as declarações inusitadas, namoros virtuais, casamentos à distância e filmes como “A walk to remember” continuam a fazer sucesso e quem não quer amor? Eu hein, estranho.


O amor deixa as pessoas confusas, ansiosas, produz “borboletas no estômago”, provoca taquicardia, tira o fôlego, dá ausência de razão e em alguns casos causa fraqueza nas pernas e dizem que não tem contra indicações. Além disso, mata e permite que sua vítima continue a viver.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dicionário da mulher – Verbete: Pé na bunda

ou "A dor útil na Era dos alphadogs desleixados"

E agora me dirijo aos românticos peões, raça perseguida pelas “amazonas bem querer”. Temos culpa no cartório dos relacionamentos afetivos. Assumamos: o amor rejeitado é nosso calcanhar calejado véi de Aquiles. Oferecemos asilo político em nossos corações para as autoras dos melhores pontapés que levamos. Não se sinta mal, é assim mesmo. No creo que seja por culpa da mazela contemporânea da baixa auto-estima.

A angústia é compartilhada por quem desfere o golpe mortal do “fuera, hasta nunca más”. Sem querer vitimizar a vilã, mas há aquele chute que elas dão com o coração amargurado, sem nada daquela história de ser superiores. O sujeito pode ser jogado para escanteio no primeiro flerte ou mesmo depois de anos de relação, mas a razão é a mesma: ela quer que você reaja, hombre!

No primeiro caso, recomenda-se a mudança de abordagem. Não se perca falando do tempo se pode se concentrar nos lindos olhos dela. Pra que perguntar se ela vai sempre ali se uma boa pegada no corpo dela é bem mais eficaz? Seja mais cowboy, nesse velho-oeste da conquista.

Se você já a teve, mas a rejeição veio, te aconselho: o que a dama nada mais almeja é que usted retorne a ser o valente príncipe que outrora se dedicava a torcer pela promoção dela no trabalho, que se interessava em saber qual comédia romântica ela mais gostava ou quais sentimentos só a pobrezita sente quando está nos dias da nefasta TPM. Confesse, seu leso. Andaste achando que jogo já estava ganho e, inesperadamente, pegaste uma tremenda bola nas costas, uma virada triunfal.

Canalha, não fique cabisbaixo. Após a criação desta Confraria, passei a ser mais consultado pelas amigas - sim, amizade com mujeres é coisa de macho sabido - sobre as diversas facetas dos relacionamentos. Virei um conselheiro amoroso. E num momento destes de ouvidor de casos românticos, recebi de uma amiga a pedra filosofal dos enroscos: precisamos de um belo "lava" para tomar tento.

Ela te derrubou do castelo da indiferença exatamente para isso. Acorda, diacho! O que a perseguida quer é um amante mais arretado e que a procure com o melhor papo que tiver pra tê-la de nuevo.

E daí tiramos até um agrado: por vezes a rejeição que ela nos oferta é tão lírica, tão bonita de ver que, cá entre nós, é até afrodisíaca. Nada em exagero, é claro. Não seja capacho, por que aí já era. Mantenha-se o alphadog desta matilha. Se é a primeira frescura que ela faz contigo, te acalma. É só um dengosinho do bom, compañero.

domingo, 11 de julho de 2010

UNIDOS*

Meu pulsar. Meu sentido. Meu acalanto.
Teu agir. Teu amar. Teu calor.
O meu e o teu juntos.
Meu braço na tua cintura, meu envolver no teu.

Tua cabeça no meu ombro e minha respiração nos teus cabelos.
Meu olhar perdido no teu olhar.
Unidos. Onde fica o meu e o teu?



*Por Daniel Amaral (Romântico assumido e sempre bem vindo à esta confraria)

sábado, 10 de julho de 2010

Diálogos de um sacoleiro da fronteira entre o amor e libertinagem I

Ela me olha, mas tem medo. Sei que ter cara de sacana e é tão perigoso na proporção que atraente.

- Mas você vai lembrar de mim amanhã?
- Nem a pau.
-Ah, você não devia fala assim...
- Tu prefere a mentira?
- ...
- Vamos?
- Tá. No teu carro?
- De quem mais seria?
- ...
- Te amo mais do que ninguém. Hoje.

Às 5 horas da manhã, demos um beijo caloroso. Em seguida, ela ouviu com atenção as orientações de onde o ônibus passa pouco antes de receber os cinco reais. Melhor e último gozo da vida. De lembrança pra mim, deixou um escapulário.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Epitáfio










Amou
Intensamente
Cada amor, cada paixão
Como o último momento
A derradeira estação
Amou
Desenfreadamente
Sem freio, sem direção
Cada livro, cada presente
Todo poema e canção
Amou
Total e lealmente
O que mais tinha admiração
Deus, amigos e parentes
Num só puro coração
Amou
Assim e desesperadamente
Os teus olhos de emoção
Que a deixaram contente
Mesmo dizendo-lhe "não"
Amou, enfim
A vida docemente
Por ver em ti uma razão
A mais, para seguir em frente
Para viver, feliz, completa
Então.


Thaís Carvalho

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Meu benzinho

Poucas coisas caracterizam mais um relacionamento do que os apelidos trocados entre as partes que se amam. Claro que isso é coisa íntima. Sozinhos no escuro do quarto, vivendo as delícias do amor conjugal, nada mais natural que soltar um “bebê, amorzinho, docinho de coco, ursinho” e por aí vai. Se é brega ou não, o coração é quem sabe. Eu não julgo.

Mas se há um momento em que os apelidos podem gerar uma cisão e virar uma agrura do amor conjugal, é quando naquele instante de besteira que Deus dá uma das partes chama a outra pelo apelido em público. Se é a moça chamando seu namorado de benzinho na frente das amigas, surgem risinhos de canto de boca e prováveis AAAAWWWNN. Mas e quando é o rapaz que, sem querer, chama sua outra parte no mundo de jujubinha na frente d’Os Caras, a raça mais aterrorizante a habitar a Terra?

Claro que o incauto vai virar alvo de piadas, como se ser macho-alfa dominante e ser carinhoso fossem mutuamente excludentes. O que Os Caras não entendem e, enquanto forem Os Caras nunca entenderão, é que manifestação pública de afeto nunca será ridículo. Assim como escrever cartas, dedicar poemas ou, para os que gostam, dar e receber flores (não é o meu caso). E demonstração pública de afeto não é prerrogativa, direito e obrigação feminina, não senhor. Manifesta amor quem sente. Claro que não é nada agradável ver um casal que se ama se amando o tempo todo, 24 horas por dia. Claro que há os momentos de intimidade, que devem ser preservados não por serem bregas, mas por serem íntimos. Afinal, quem aqui nunca agiu diferente, nunca disse um apelidinho, nunca usou um tom de voz mais ameno pra sussurrar ao ouvido de quem ama antes de adormecer? Faz parte da magia de ser do outro e ter o outro.

O problema do macho-alfa dominante que tem uma namorada é a referência de uma outra vida que Os Caras trazem pra ele: "eu xingo,eu cuspo, eu coço o saco, eu bebo cerveja, eu pego gatinhas enquanto você tá aí chamando sua namorada de pitelzinho". É pesado. Mas se há amor, há resistência. E a resistência é doce.

Apelido tá dentro do pacote “ser namorado de alguém”. Assim como os momentos de estar junto a sós, sem Os Caras por perto. Assim como uma ligação depois de um dia duro pra saber como estão as coisas. Assim como todas as pequenas magias que o amor conjugal traz.

E quanto Aos Caras, deixe que descubram o amor, ou voltem a amar. A namorada vai chamar de Suricatinho na frente dos outros e ele vai achar lindo. O dobro ou nada.

*Mas, afinal, quem são Os Caras, essa raça tão temida? Ora...Os Caras são os amigos solteiros, claro. Quantas moçoilas já ouviram um "amor, não fala assim na frente d'Os Caras"...

terça-feira, 6 de julho de 2010

Tratado Geral do Ciumete – Parte IV: o telefonema embriagado

“Pelo amor de Deus, tira o telefone da mão deste sujeito”, berra a voz rouca da consciência do bêbado recém-pénabundado. Este grilo-falante sabe bem o poderio bélico de mierdas que o hombre alcoolizado pode desferir durante o choro para a ex-mulher, mas que, no entanto, surge na mente do lascado como atual único amor possível para esta vida.

O indignado resolveu ouvir os conselhos dos amigos, aqueles que disseram “se você ficar em casa é pior”, “mulher é que nem biscoito, vai uma vem oito”, entre outras máximas da auto-ajuda de cabaré. Saiu para a caça. O resgate daquele macho alpha de antes, porém agora domesticado por aquela que a pouco o abandonara.

Para ajudar nessa hora, todo favor é de bom grado. O sujeito desprezado resolve que é hora de recuperar o fluído corporal perdido em formato de lágrimas. E se assim for, que seja restituído com líquidos nobres. Ele chama para se composição da turma os velhos esquecidos Johnnie Walker – velho parceiro de andanças, José Cuervo – chicano invocado, mas chegado, e Vô Luiz – este ancião canalha.

Tudo pronto: que comecem os jogos entre varões & princesas, noturnamente repetidos todos os dias. Ele está de volta! Está nos vaivens mais uma vez! E quer se perder na covinha de algum sorriso convidativo... Recebe as atualizações em relação às gírias e parte pra vida mundana com confiança de quem já foi bom no esporte.

Eis que leva a rasteira do destino. Um golpe nas partes baixas da auto-estima. Ela está ali! Bebendo despreocupações e sorrindo “falta de remorsos” para quem quiser apreciar. E a malvada não está só, tem um brucutu a tiracolo. É o sopro de uma turbina de avião no castelo feito com cartas de baralho que esse abestado montou para se enganar. Ainda a ama, não resta dúvida.

Nada vai animar o nosso herói. A partida foi perdida num xeque-mate pastor. Desgraçada! Entre os instantes em que ele apaga numa amnésia alcoólica e dorme de vez, o judiado rapaz vai procurar o telefone. Quer ouvir da voz dela que já não o quer. Não o julguem, ele não faz ideia de que qualquer uma das respostas possíveis para esta questão o machucará como nunca.

Apesar de ter apagado o número dela da memória do celular, da memória do coração aquela combinação numérica ainda se mantém bastante viva. Caros confrades, é nessa hora que se faz o teste final do anjo-da-guarda do cristão: é torcer que o iPhone – presente do último Dia dos Namorados juntos – tenha caído de bateria até a ressaca do infeliz passar.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Saudade

Dos temas mais saudosistas relacionados ao amor, arrisco a dizer que o mais intrigante e ilegal é a saudade. Dependências mil, essa deveria ser considerada a primeira calamidade pública, é o vício em crack de uma sociedade carente.

Até agora não ouvimos falar em clínicas de reabilitação ou terapias em grupo, nada de campanhas preventivas no combate a essa dependência, só se vê apologia: das músicas sertanejas a arte de Fernando Pessoa. Definitivamente fomos deixados de lado por sermos portadores de doença sem cura.

Não existe contraveneno e nem pesquisa em Harvard, o que nos resta é a total ausência de esperança e um fato: a saudade sempre vence. Ela vence o mais forte orgulho, derrete corações de pedra como se fosse algodão, é droga forte e um caminho sem volta.

Porém, pouquíssimos ingredientes são tão fundamentais para o crescimento do bolo amoroso, quanto o fermento saudade. A boa dica para quem se dispõe a enfrentar os desafios da vida a dois é: domine o vício, use doses moderadas em dias variados, isso pode ajudar na regulação do sistema bioamoroso (como eu disse, não existem pesquisas).

Ora vilã, ora mocinha, a saudade tem sido os radicais livres do nosso amor, pode ser boa mesmo possuindo o poder da destruição em massa. Nosso consolo é o de nunca termos presenciado um óbito por motivo saudade.

domingo, 4 de julho de 2010

Eu faria tudo novamente*

O que seria impossível? Sem exageros, penso em nós assim, invencíveis, fulgentes, sonhadores de algo que sabemos que sempre será mais forte do que nós dois, mas que mesmo assim queremos, imploramos aos nossos corações, cansados de sentir e dançar com a saudade dos nossos momentos, doce, breves e tentador que compartilhamos.

Eu seria um egoísta em te querer sempre em meus braços? Seria eu, quem te acordaria todas as manhãs com fogo da paixão nos olhos para saciar seus desejos? E te abraçaria durante a noite para te provar que sempre pode contar comigo?

Olhe para você, porque deixar sempre uma barreira entre nossos sonhos e desejos? Proponho baixarmos a guarda – pois não sabemos aonde essa estrada vai nos levar. Mas juntos, temos a certeza como nossos corpos vão dizer o que realmente nos fazem falta quando enfim olharmos nos olhos um do outro.

Por mil anos eu faria tudo novamente, caminharia em cada sonho, sempre ao seu lado, sempre te dando a segurança, e deixando fluir os desejos que ofuscamos com desculpas para não nos envolvermos ainda mais nessa loucura chamada “Você e Eu”.

*Rodrigo Torres - o mais novo colaborador desta confraria.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Dicionário da Mulher – Verbete: O andar


Este pretenso glossário sacana’cadêmico aborda para os visitantes desta Confraria outro ponto marcante no que se refere às mujeres: o andar da donzela. Sim, sei que não é tema dos mais novos. Muito pelo contrário, o assunto já foi, é e sempre será pauta exaustivamente destacada em mesas-redonda de assuntos mulherísticos. Existem sujeitos que aprenderam a arte do assobio apenas para louvar a arte do passo-a-passo feminino, com um melodicamente perfeito “fiu-fiu”.

Com um caminhar bem executado, a cabrocha pode hipnotizar inúmeros pedreiros, gerar engarrafamentos e acidentes automobilísticos, danificar pescoços despreparados e provocar beliscões em maridos durante o passeio com suas digníssimas. Estamos falando de uma arma de destruição em massa de corações mundanos. De um semeador de sorrisos honestos & sacanas.

O andar é tão poderoso que serve até como afrodisíaco. Caros leitores acanhados, peço que não caçoem dos machos que se deliciam em servir de tapete persa para a amada durante os imbróglios sexuais. Tara é tara e cada um tem a sua. E esta nem é das mais estranhas, a de se convir.

Uma das belezas de exaltar o andar é que ele nunca é igual, tal qual uma impressão digital. A linda pode andar devagar, rápida, ou nem devagar e nem rápida. Pode ter passos firmes ou tímidos. Passadas largas ou encabuladas. Com requebrado nas velocidades “mínimo”, “médio” ou “britadeira”. Tem aquelas que caminham com os pés simetricamente alinhados, outras andam com o relógio apontando “dez minutos pras duas horas”.

Só sei que gosto de observar. Gosto de adivinhar tudo através do andar. Se ela é ciumenta ou se lê de livros de auto-ajuda. Se ela se entrega aos amores, ou se leva a profissão acima de qualquer outra coisa. Se ela chora em filmes da Meg Ryan ou se gosta de ouvir Beirut. Se ela tem potencial para uma paixonite arrebatadora ou se é o tão esperado amor desta encarnação.

Desculpem leitoras, mas não é uma superstição. É um dos critérios que nós homens utilizamos. Uso este juízo todo dia. Fico olhando e olhando até o dia em que chego para pretendida com a legítima dúvida: “Como será que fica se andarmos de mãos dadas?”