adj.
Que
não se pode apagar ou desaparecer
Acredito que quase,
quase tudo na vida é superável. Superamos a dor, a perda, o engano,
a morte. Quase tudo. Acho que a única coisa que eu não superaria
seria a perda da minha mãe, por exemplo. De resto...perdemos
trabalhos, tempo, amigos, e vamos superando e continuamos a viver. E
dá pra viver uma vida cheia e verdadeira, mesmo com todas essas
perdas, mesmo com a energia que se despende pra superar as coisas.
Mas falemos de amores.
Amei três vezes na
vida. Ao fim de cada amor, achei que fosse morrer, porque tudo em mim
doía a maior dor do mundo e eu achei que nunca ia ter fim. E chorei
e sequei, mas nem morri. E as dores foram passando, a cicatriz
fechando e eu fui voltando aos poucos à vida. Daí depois de um
tempo eu me apaixonava de novo, e desapaixonava e seguia, até cruzar novamente com o tal do amor. E superei meus três amores mortos, e sei
que posso superar os outros que virão, caso morram.
Mas, sabe o que é?
Cicatriz fecha, mas não sai. Cada amor morto deixou uma marca
impossível de ser removida. E às vezes, no silêncio da hora mais
escura, aquela hora em que faz mais frio, a marca dói. E não dói
pelos amores já mortos, não dói pelo que se perdeu ou pelo tanto
que se deixou de acreditar. Dói porque é uma coisa ainda viva,
esquecida, mas viva dentro da gente. E vem assim, sem menos nem mais,
num átimo, porque é viva.
Não tenho medo dessas
dores.