sábado, 29 de outubro de 2011

Sentir Saudade

  Aqueles olhos que nasceram para sorrir, que outrora foram locados pela tristeza, haviam voltado ao seu normal. Alí residia a felicidade.

  Agora ao encontrar-se sozinha já não chorava, apenas sentia um aperto no peito, era saudade. Não daquilo que a feriu, mas dos momentos ternos que fazia morada em sua vida há poucas semanas.
Não concordava com camões: O amor não era fogo que ardia sem se ver. Era mais brando, pacífico, era o descanso da sua alma cansada de perambular pelo mundo. 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Dos Encontros da Vida




 Aquele encontro tímido. As palavras eram medidas, mas a troca de olhares não era capaz de conter o verdadeiro desejo que se fazia oculto naquele momento.  O tremor tomava conta do corpo dela. Ele era como um corpo fechado, difícil tentar decifrar. O coração da menina batia a cada palavra dita pela boca daquele estranho, afinal era a primeira vez que se viam.

  Quanto mais o tempo passava, menos a garota queria se distanciar dele. Sentia um nó na garganta por estar chegando a hora de partir sem receber um ósculo qualquer. Lembrou da recepção que tivera ao se reconhecerem: abraço demorado. Um aconchego que aliviava a cruz que trazia na alma. Afagou-lhe os cabelos, pretos, desalinhado pelo vento que fizera enquanto procurava pela casa do estranho.

  Nessa procura, suas pernas tremiam, tudo que conseguia externar era um sorriso louco, insano, de saber que encontraria finalmente seu cúmplice de conversas e teorias furadas. A medida que buscava pela casa, sentia também medo. Medo de estar se apaixonando por ele. Não poderia saber jamais. Caminhou calmamente, respiração cada vez mais ofegante.

  Alí estava. Abaixou a cabeça para esconder o riso que escapou ao ver que ele estava a sua espera. Como era alto. Olho-a e a menina se sentiu perdida naquela mirada. Fitou-o e foi correspondida com um longo abraço. Era como uma boneca naqueles braços, pequenina, indefesa, apesar da dor que marcava seu âmago. Entraram e conversaram por horas.
  Ele levou a garota para casa e por fim, chegaram ao destino final, despediram-se amistosamente. Os dois seguiram seus rumos. Mais tarde, ao conversarem, umas 2 da madrugada, o garoto faz a pergunta que gelou a menina:

"Se eu for aí, você me dá um beijo?"

 Confirmou a resposta e em cinco minutos lá estava ele, esperando pelo grande prêmio da noite.

  O beijo aconteceu. O tremor que tomou conta dela anteriormente já não existia. Era perfeito.

Ela o amou.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Sobre relacionamentos não vividos


Procrastinar tem sido uma válvula de escape da maioria das pessoas que eu conheço. Imaginar como tudo vai ser, sem ao menos ter uma base das possibilidades do que desejam, acontecer. Parece que quanto mais você quer, menos será possível conseguir. Imagino que 99% de toda a população terráquea já teve algum tipo de devaneio sobre como seria se tivessem coragem de entregar-se para os sentimentos sem pensar demais nas consequências. Mas aí vem o ponto chave dos que criam uma dimensão paralela, e dos que não fazem ideia de estarem sendo ''usados'' em vontades oprimidas - e/ou reprimidas. A grande diferença é simplesmente a racionalidade e o sentimentalismo de ambos - o que deseja, e o ''objeto'' de desejo.

Geralmente eles são completos opostos e , talvez exatamente por isso, não concretizaram-se como possíveis companheiros amorosos.Relacionamentos não vividos são mais complexos que casamentos.
Tanto porque causam aquela ansiedade de ter a pessoa perto e vendo uma aparente estabilidade feliz, tanto pela dependência de imaginar como teria sido se fulano tivesse arriscado, ou se ciclano não fosse tão covarde.
É inevitável não pensar, e até se abater pela tristeza que , vez ou outra, insiste em te puxar pelo pé de madrugada e te colocar no fundo do poço ( ''bad'' para os íntimos, rs ) que você pensou ter saído faz tempo.
Mas a vida não é lá muito injusta, porque se por um lado você sofre por não poder ficar com quem achou amar, por outro em um dia chuvoso e tranquilo, você vai receber uma ligação inesperada , um convite para jantar , de alguém que talvez mereça mais atenção do que ficar remoendo-se em situações bonitas que procrastinou - ou , até mesmo, já viveu .

Acredito que o ser humano é capaz de se adaptar à situações extremas, e se elas ainda não foram superadas é porque você ainda não lavou toda a fossa do peito, amigo! Então tratemos de fazê-lo, antes que todo esse lodo apodreça essa parte tão vital, que nos diferencia de todo o resto.
O romantismo exacerbado pode parecer utopia remota, mas enquanto houver um punhado de pessoas que o pregam com convicção, ainda existirá esperança para superações e recomeços.
Esses ciclos de relacionamentos não vividos duram a vida toda; sucumbir à melancolia enquanto você pode sorrir com algumas lembranças boas, que naquele momento era tudo que você podia permitir-se , é tolice. Se antigamente isso era algo digno e admirável, nesses nossos tempos modernos resume-se a simplesmente uma palavra: fraqueza.
Não seja um mártir de suas história de amor, seja pura e simplesmente o único protagonista.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Detalhes



“Detalhes tão pequenos de nós dois, são coisas muito grandes prá esquecer. E a toda hora vão estar presentes, você vai ver...” cantarola o Rei, inspirando nesse momento cerca de 1292 brasileiros enamorados, maiores de 18 anos.
Tudo bem, digam que isso foi há 30 anos, mas em seguida assumam, os detalhes continuam grandes demais para esquecer, e continuamos com a velha calça desbotada, procurando o retrato antes de dormir.
Quem nega, provavelmente é fruto do amor líquido, objeto de Bauman e não merece, neste momento, dividir atenção com o homem das rosas brancas. Então em frente, com nosso amor e até os erros do meu português ruim, para dizer dos detalhes envoltos nesse troço chamado sentimento.
No seu ouvido, palavras de amor e na agenda o bilhete discreto com palavras de veludo, no celular a musica da banda famosa, feita sob medida para nossos encontros e promessas pro futuro.
Durante muito, muito tempo em sua vida eu vou viver, fazendo confissões difíceis sem medo da longa estrada do tempo.