terça-feira, 30 de setembro de 2014

A morte do menino amor

Aquele menino amor nascera na véspera do ano novo. Nascera feliz, saudável, pois já no início era dividido igualmente em duas partes, o que garantiria a ele bons anos de vida. Se tivesse nascido dividido em partes desiguais, mais cedo ou mais tarde uma das partes do amor pesaria demais e exigiria em demasia da parte menor, o que nunca é justo. Nunca é justo com o amor e munca é justo com quem ama.

Pois esse menino amor nasceu e cresceu bonito e saudável, nas duas partes jovens e saudáveis. O menino amor era cheio de vida. O menino amor viajou, morou junto, encarou o tempo ruim e celebrou o tempo bom. O menino amor foi feliz, certo de uma vida longa e plena.

Até que veio...a vida. E o menino amor, agora já crescido, se viu também partido. Continuava dividido em partes igualmente iguais, porém distantes uma da outra. Uma parte lá, outra parte aqui. Mas o amor não se deu por vencido e resistiu. E escreveu cartas, e varou noites em ligações intermináveis,  e gastou todas as milhas acumuladas com o cartão de crédito. O amor tentou. Mas a vida se esforçou em continuar, e as ligações cessaram aos poucos, as cartas demoraram mais pra chegar, as milhas findaram e o bolso não podia comportar. E o silêncio veio chegando sorrateiramente, ocupando o lugar do riso, e o riso se viu em outros olhos, e outras bocas se beijaram numa noite fria, sem dor pra ninguém porque aquele amor não estava mais lá. 

Não sem tentar, e cheio de dúvidas,  o amor morreu. 

Morreu ainda dividido em partes iguais, o que era de uma tristeza infinita. Amores morrem todos os dias, porque não são de verdade, ou não são do mesmo tamanho, ou foram traídos pelo melhor amigo - o pior inimigo. Mas ninguém lidava bem com essa morte assim. Era um amor jovem, verdadeiro e igual. 

Que, infelizmente,  morreu de fuso horário.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A volta do boêmio




Engraçado retornar às linhas & letras e deixar um pouco de lado os números e as observações das mesas de pôquer. E já se vão mais de dois anos sem aparecer nesta Confraria. Sim, voltei porque fui. E fui porque já não via sinceridade nas minhas ideias de amor. Teve uma hora que me dei conta que escrevia, era lido e elogiado por falar de algo que ainda não tinha vivido de fato. Sacanagens, seduções, entre outros, ah... isso eu conhecia bem. Mas de amor, era (e talvez ainda seja) um completo retardado.

Eis que vivi. E como... Intensos, fulminantes, contraditórios. Meus amigos, garanto-lhes que esta puerra que tanto se fala sem o menor fundamento é o narcótico mais hardcore que existe e dele provei até ter overdose. Amei pra caralho. Poutaquepariu! E olha que nem acho que sou dos que mais se entrega. Um erro, claro. Amor é pra isso, é pra se lambuzar e deixar secar sem limpar, sem frescuras.

Ele é descontrolado, e me conheci um sujeito controlador. Daí as cagadas que aprontei, pois aquilo chamado amor é pior que touro brabo, não tem quem dome essa desgraça. Você fica sem chão (e me perdoem os lugares comuns, mas estou desenferrujando ainda), mas quando tu se vê nessa situação, ao invés de procurar algum lugar pra segurar, a vontade que dá é de se mergulhar mais fundo, de testa, só pra ver onde dá.

Voltando ao retorno ao blog, devo confessar que agora no meio do texto, minha cabeça fervilha de sensações que vivi e quero passar, mas ao mesmo tempo me dá um medo danado de não conseguir terminar esse texto de uma forma digna. Perdi um pouco dessa dignidade de escritor. Dessa moral.

Enfim, rumbora parar por aqui hoje ou não termino isso aqui muito bem. Melhor voltar de leve, sem um texto com a obrigação de ser realmente bom. Só um texto simples. Até meio ruim. Não vou divulgar, nem fazer o menor alarde sobre esta crônica. Quem sabe a próxima vingue. Penso em fazer uma carta aberta. Uma prova pro meu amor atual. Ou não. Ou só conte um pouco das minhas preserpadas, pois elas continuam.

Até mais.