terça-feira, 21 de junho de 2011

Eis que tudo se fez verbo

Já não sei o que sinto,
Mas sinto lá dentro, nas entranhas do peito,
Aperto sem jeito, me leva pra outro lugar.
Que fazes a voltar nesse caminho sem retorno?
De alegrias melancólicas, de palavra sem lugar.

Ai que dor me dá,
Sentir sem o verbo amar,
Sarar sem remédio ter
E viver sem recordação guardar.

sábado, 18 de junho de 2011

Amor*

Neruda diz que dois amantes felizes não tem fim nem morte. Gandhi diz que ele tolera e Camões que ele é um fogo que arde sem se ver. Nietzsche diz que aquilo que se faz por amor está sempre além do bem e do mal.Fernando Pessoa diz que o amor romântico é como um traje. Maiakóvski desconfia que onde tudo é aceito há falta de amor.Abel Bonnard diz que o amor pode morrer na verdade.Tolstoi diz que o amor começa quando uma pessoa se sente só e para Baudeleire ele lhe irrita por ser um crime de cúmplices.Russell diz que temer o amor é temer a vida. François La Rochefoucauld diz que o amor nós faz cometer os erros mais ridículos.Veríssimo que o oposto do amor é a indiferença.Tchekhov diz que o amor mostra ao homem como ele deveria ser sempre.

Einstein diz que só o amor socorre por dentro e Lord Byron que ele é uma coisa a parte. Balzac diz que ele é a poesia dos sentidos e Jabor completa dizendo que é sexo e prosa também. Carl Jung diz que onde ele impera não há desejo de poder e Gandhi rebate dizendo que o amor é a força mais sutil do mundo. Goethe diz que o amor é uma das grandes asas do espírito, uma grande façanha. Walter Scott diz que o amor é um viajante,Pascal diz que ele é cego e Pessoa que é um sonho.

Nietzsche diz que ele revela a qualidade dos sublimes e Schopenhauer que ele compensa a morte. Já Camilo Castelo Branco diz que é condição de felicidade. Samuel Johnson acha que ele é a sabedoria dos loucos e a loucura dos sábios e só tal loucura permitira Stendhal dizer que o amor é uma bela flor à beira do precipício...

eu o acho infinito...

*Texto da Gabriela Oliveira do blog Minha Antena Parabólica

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Quem tem medo do dia dos namorados?

É sempre a mesma história. Você, caro leitor e membro dessa Confraria, já deve ter ouvido impropérios semelhantes por aí. Chega o dia dos namorados e somos bombardeados de solteiros pregando o quanto é maravilhoso ser solteiro e que casal dá ânsia de vômito. De outro giro, também somos bombardeados de pessoas que amam e são EXTREMAMENTE felizes porque amam, mas de uma felicidade que chega a incomodar. E obviamente essas pessoas acham que os solteiros felizes são na verdade frustrados e recalcados que nunca descobriram o amor.

Eu, do alto da minha felicidade normal de ter alguém pra compartilhar o mel e o suor da vida, prefiro ser nem tanto ao céu nem tanto à terra. Porque, olha só, já fui adolescente. Já amei de maneira doentia e incômoda. Tenho a absoluta certeza que devo ter incomodado alguém com a minha felicidade transbordante e delirante de ter um namorado pra quem dar um presente no famigerado dia 12 de junho.

Também já fui a solteira feliz que pregava aos quatro ventos que era uma maravilha fazer sexo com qualquer ser vivente que eu tivesse desejo, que era uma maravilha não estar obrigada a gastar dinheiro em uma dia criado pelo comércio pra se aproveitar dos apaixonados ridículos e tudo isso aí.

O fato é que o tempo e todas as cicatrizes que acumulei nos últimos 27 anos me ensinaram uma porrada de coisa, que tento aplicar não só no meu relacionamento com a persona grata, mas em todos os relacionamentos que eu tenho. Sabe como? Família, emprego, amigos e tal. O lance mesmo é achar o ponto de equilíbrio e levar a vida como se estivesse vivendo de amor e brisa.

Porque amar é legal, é legal pacaralho. Quando é normal. Quando ninguém se consome, quando o excesso não vira o todo. Quando a gente consegue amar a persona grata mas também ter um trabalho, e ter amigos pra beber nos fins de semana. E quando você menina-moça não fica perturbando a paciência alheia postando fotos e musiquinhas e coisas rosadas sobre você e seu "mozão". Se eu te contar que perfis únicos nas redes sociais pra você e seu "mozão" não são legais, cê vai acreditar? Vai não? Houston, we have a problem. Se você trabalha na mesa ao lado e liga pro seu namorado de dez em dez minutos pra saber o que ele anda fazendo, e usa voz infantil em público, WE HAVE A HUGE PROBLEM. Não quero saber o que seu namorado almoçou. Tampouco preciso saber se estava gostoso.

Por outro lado, não amar pode ser legal, mas assume: tem hora que faz uma falta. E nem vem dizer que é o ápice da liberdade poder transar com todo mundo. Primeiro porque eu tenho certeza que você, solteiro profissional, não transa todos os dias com pessoas diferentes. Tem casal que transa todo dia. E uma transa diferente todo dia. Esse papo de sexo de casal que é chato e tal é meio caído. Que todo casal morre na rotina também é meio caído. Até porque rotina, te garanto, não é esse bicho papão que cêis pensam não. Tem coisa mais deliciosa que conhecer tão bem a persona grata a ponto de poder surpreendê-la num estalar de dedos? Tem não. E esse é o tipo de coisa que a rotina proporciona. Conheço casais que têm tanto medo da rotina que sequer suportam estar a sós. E isso não é legal.

Olha, me perdi. Voltando aos solteiros profissionais: você pode, de fato, ser feliz sem um namorado. Você pode, claro, achar um nojo aqueles casais absurdamente felizes. Eu também acho. Mas você não precisa maldizer o amor e todos os namorados do mundo. Porque tem gente normal, sabe? Gente que mora junto e tenta tirar o bom e eliminar o ruim da rotina. Gente que não mora junto e não se fala todo dia.Tem gente, EU JURO PROCÊ, que não faz idéia do que o namorado almoçou.

E o dia dos namorados taí, é um fato. Eu não costumo dar presentes e nem receber. Italo Rocha me fez um quadro uma vez. Eu escrevi pra ele o texto mais bonito e sincero que já tive capacidade. São lembranças. Pequenos gestos que dizem apenas "oi, lembrei de você, porque amo você". Ninguém precisa de rosas caindo de um helicóptero ou carro de som com música da Celine Dion pra provar que ama. Isso, de fato, é um exercício diário. Mas você não precisa ser coração gelado e fingir que não dá pra fazer uma coisinha bacaninha a dois.

E, uma dica: as operadoras de telefonia sempre têm promoções ótimas essa época do ano. Até se você for solteiro dá pra aproveitar. Então sai do cercadinho se joga nos smartphones em promoção, boba.