quinta-feira, 8 de julho de 2010

Meu benzinho

Poucas coisas caracterizam mais um relacionamento do que os apelidos trocados entre as partes que se amam. Claro que isso é coisa íntima. Sozinhos no escuro do quarto, vivendo as delícias do amor conjugal, nada mais natural que soltar um “bebê, amorzinho, docinho de coco, ursinho” e por aí vai. Se é brega ou não, o coração é quem sabe. Eu não julgo.

Mas se há um momento em que os apelidos podem gerar uma cisão e virar uma agrura do amor conjugal, é quando naquele instante de besteira que Deus dá uma das partes chama a outra pelo apelido em público. Se é a moça chamando seu namorado de benzinho na frente das amigas, surgem risinhos de canto de boca e prováveis AAAAWWWNN. Mas e quando é o rapaz que, sem querer, chama sua outra parte no mundo de jujubinha na frente d’Os Caras, a raça mais aterrorizante a habitar a Terra?

Claro que o incauto vai virar alvo de piadas, como se ser macho-alfa dominante e ser carinhoso fossem mutuamente excludentes. O que Os Caras não entendem e, enquanto forem Os Caras nunca entenderão, é que manifestação pública de afeto nunca será ridículo. Assim como escrever cartas, dedicar poemas ou, para os que gostam, dar e receber flores (não é o meu caso). E demonstração pública de afeto não é prerrogativa, direito e obrigação feminina, não senhor. Manifesta amor quem sente. Claro que não é nada agradável ver um casal que se ama se amando o tempo todo, 24 horas por dia. Claro que há os momentos de intimidade, que devem ser preservados não por serem bregas, mas por serem íntimos. Afinal, quem aqui nunca agiu diferente, nunca disse um apelidinho, nunca usou um tom de voz mais ameno pra sussurrar ao ouvido de quem ama antes de adormecer? Faz parte da magia de ser do outro e ter o outro.

O problema do macho-alfa dominante que tem uma namorada é a referência de uma outra vida que Os Caras trazem pra ele: "eu xingo,eu cuspo, eu coço o saco, eu bebo cerveja, eu pego gatinhas enquanto você tá aí chamando sua namorada de pitelzinho". É pesado. Mas se há amor, há resistência. E a resistência é doce.

Apelido tá dentro do pacote “ser namorado de alguém”. Assim como os momentos de estar junto a sós, sem Os Caras por perto. Assim como uma ligação depois de um dia duro pra saber como estão as coisas. Assim como todas as pequenas magias que o amor conjugal traz.

E quanto Aos Caras, deixe que descubram o amor, ou voltem a amar. A namorada vai chamar de Suricatinho na frente dos outros e ele vai achar lindo. O dobro ou nada.

*Mas, afinal, quem são Os Caras, essa raça tão temida? Ora...Os Caras são os amigos solteiros, claro. Quantas moçoilas já ouviram um "amor, não fala assim na frente d'Os Caras"...

7 comentários:

  1. ótimo!!!
    do seu fã nº1
    zuza
    ^^

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  2. MUITO BOM! Engraçado que enquanto lia comecei a me perguntar quais dos "meninos" da confraria teria escrito...
    Quem nunca adorou ser chamada de princesa/príncipe ou neném que atire a primeira pedra.
    =D

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  3. Muito bom, Daniela. Concordo com a Jessinha, texto de macho não alfa.

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  4. Tudo é válido.. porém, o tal de "pai e mae", ai eu julgo sim e pra mim gera gargalhadas.

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  5. Tbm pensei ser um "macho alfa" da confraria escrevendo. ´Hhihi. Tá ótimo esse texto. Os caras na verdade sentem é uma pontinha de inveja de não ter no momento alguém pra chamá-los de "tchutchuquinho". KKKKKKKK!!

    Amei. Bjs!

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  6. Concordo com a Álefe! Os caras ficam com invejinha!!!! hehehe Dani, amei o texto!
    bjosss

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  7. Adorei Dani, tem um sentido único pra quem ouve ou diz,os outros ou Os caras e As gatas,nunca entenderão a não ser que já tenham passado por um namoro ou se estiverem namorando caso contrário,esperemos os ''AWWNNN'' tão previsivéis dos solteiros hahahaa. Eu tenho milhares de apelidos, todo dia ele me aparece com um... =x no entanto eu só tenho um e não tenho a capacidade que ele tem de sempre renovar hahaha.

    beijos!

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