quarta-feira, 14 de julho de 2010

Dicionário da mulher – Verbete: Pé na bunda

ou "A dor útil na Era dos alphadogs desleixados"

E agora me dirijo aos românticos peões, raça perseguida pelas “amazonas bem querer”. Temos culpa no cartório dos relacionamentos afetivos. Assumamos: o amor rejeitado é nosso calcanhar calejado véi de Aquiles. Oferecemos asilo político em nossos corações para as autoras dos melhores pontapés que levamos. Não se sinta mal, é assim mesmo. No creo que seja por culpa da mazela contemporânea da baixa auto-estima.

A angústia é compartilhada por quem desfere o golpe mortal do “fuera, hasta nunca más”. Sem querer vitimizar a vilã, mas há aquele chute que elas dão com o coração amargurado, sem nada daquela história de ser superiores. O sujeito pode ser jogado para escanteio no primeiro flerte ou mesmo depois de anos de relação, mas a razão é a mesma: ela quer que você reaja, hombre!

No primeiro caso, recomenda-se a mudança de abordagem. Não se perca falando do tempo se pode se concentrar nos lindos olhos dela. Pra que perguntar se ela vai sempre ali se uma boa pegada no corpo dela é bem mais eficaz? Seja mais cowboy, nesse velho-oeste da conquista.

Se você já a teve, mas a rejeição veio, te aconselho: o que a dama nada mais almeja é que usted retorne a ser o valente príncipe que outrora se dedicava a torcer pela promoção dela no trabalho, que se interessava em saber qual comédia romântica ela mais gostava ou quais sentimentos só a pobrezita sente quando está nos dias da nefasta TPM. Confesse, seu leso. Andaste achando que jogo já estava ganho e, inesperadamente, pegaste uma tremenda bola nas costas, uma virada triunfal.

Canalha, não fique cabisbaixo. Após a criação desta Confraria, passei a ser mais consultado pelas amigas - sim, amizade com mujeres é coisa de macho sabido - sobre as diversas facetas dos relacionamentos. Virei um conselheiro amoroso. E num momento destes de ouvidor de casos românticos, recebi de uma amiga a pedra filosofal dos enroscos: precisamos de um belo "lava" para tomar tento.

Ela te derrubou do castelo da indiferença exatamente para isso. Acorda, diacho! O que a perseguida quer é um amante mais arretado e que a procure com o melhor papo que tiver pra tê-la de nuevo.

E daí tiramos até um agrado: por vezes a rejeição que ela nos oferta é tão lírica, tão bonita de ver que, cá entre nós, é até afrodisíaca. Nada em exagero, é claro. Não seja capacho, por que aí já era. Mantenha-se o alphadog desta matilha. Se é a primeira frescura que ela faz contigo, te acalma. É só um dengosinho do bom, compañero.

6 comentários:

  1. Me diverti com teu texto. Bem verdadeiro.
    Realmente, sua amizade com as mulheres está o deixando mais sabido ainda. ;D

    ResponderExcluir
  2. Confesse, seu leso!

    Eu confesso que a cada dia gosto mais de ler teus textos, querido Helderico, mas, também confesso que mooorrro de saudades das nossas conversas, seja sobre assuntos amorosos ou nao, jornalísticos ou nao, culturais ou nao... O EGO! O problema é o EGO! Na verdade, sinto falta mesmo é de um bom sushi feito com manga de origem suspeita, com cachorro esquisito do lado.

    Beijô!

    E viva aos "pés-na-bunda" dados e recebidos com jeito lírico e afrodisíaco!

    ResponderExcluir
  3. "Seja mais cowboy, nesse velho-oeste da conquista."

    Win.

    ResponderExcluir
  4. Não há como discordar. De fato, o 'pé-na-bunda' força ao exercicio de ressucitar o que a rotina assassinou: a arte da conquista. Parabéns! Mto massa.

    ResponderExcluir
  5. Sempre cômico .. ri muito! (mas.. bem baixinho, estou na biblioteca) rs


    (...) sim, amizade com mujeres é coisa de macho sabido

    ResponderExcluir