segunda-feira, 3 de maio de 2010

A música é alimento invisível.

É incrível como uma música exerce uma intimidade profunda no nosso ser, essa junção de sons vai entrando e se instalam como espiões determinados a atacar na hora certa.

Mas esse ataque não é ruim, não pra mim.

Estava no trabalho quando uma colega começou a cantarolar uma canção que me fez parar tudo que estava fazendo, dar aquela longa e profunda olhada para o horizonte e finalmente fechar os olhos para degustar o momento em que a música me remeteu.

Lá estava eu viajando longe quando fui interrompido por uma frase “eita Isnard, ta apaixonado hein!!”. Abri os olhos, olhei para o lado, e numa defesa rápida e involuntária disse “oxe, cai fora, num posso nem curtir a música?”.

A verdade era que realmente aquela canção tinha ido bem mais profunda do que a minha resposta. A minha resposta era algo superficial, preparada, involuntária. Mas o tocar daquela canção, em mim, era profundo, nada superficial. A música tem essas coisas de fazer a nossa mente suavizar e trazer coisas extremamente intrínsecas.

A música é uma das pouquíssimas coisas em nosso mundo que transcende o material e racional, ela toca diretamente a nossa alma.

Mesmo em meio a alguns problemas e aflições que tem consumido meu pensar, nesse pequeno intervalo de tempo, aquela canção levou-me a momento bem guardadinho em minhas lembranças; piegas, mas lindo, lindo!

Era uma dança onde o visual e a sonoridade situavam juntos uma lembrança perfeita, era como um cheiro que nos leva ao exato momento do ocorrido. Era música para os olhos, balé para o coração. Uma coreografia perfeita.

Agora estava preparado para enfrentar o dia, pois, uma simples canção, cantarolada por uma pessoa com voz de funil, em um lugar de trabalho, tinha despertado sentimentos maravilhosos no âmago do meu ser.


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