quarta-feira, 5 de maio de 2010

Meu amor eterno

Quem lê este fórum social mundial do romantismo, sabe o quanto uso descaradamente este espaço para gabar las mujeres. Sim, destino toda espécime de chamego às minhas nereidas. Apesar de nem sempre bem compreendida, peço a cá permissão para arremedar o mestre Armando Nogueira, considero esta relação harmoniosa. Mas cabe aqui um entretanto.

Certa vez fui diagnosticado por uma dessas amigas/mulheres/amantes das quais tive a sorte de sentir a fragrância no cangote e compartilhar besos na quina da orelha: meus textos abordam com assiduidade a infidelidade, um desvio de caráter do qual fui réu confesso em outras primaveras. Tudo bem, assumo: ainda sou um adepto de carteira e tudo da fuleiragem.

Por isso, peço licença às mulheres, mas hoje vou pular as vossas cercas e vou dedicar esse texto à única que nunca traí: a escrita. Reconheço que, nessa de molecote inexperiente e afobado, já tentei traí-la com a TV ou com o rádio. É a corda que se pega em virtude da profissão de jornalista. A faculdade por vezes emburrica um cabra.

Mas, a fim de me redimir da tentativa fracassada de adultério, revelarei um podre meu: brochei tanto nas relações televisas quanto nas radiofônicas. Falhei mesmo. Minha voz não é adequada, sou assimétrico com olheiras profundas e por aí vai. Não sirvo para elas. Mas mesmo assim, como quem ama do vera, a escrita me recebe de volta sem empunhar nem o categórico rolo de amassar pão e diz sobre mim: “Pobre abestado, tenta flertes fracassados e no final volta pra mim.” Nessa relação o dominado sou eu.

Todos os dias, a escrita prova que sou dela, apesar de no meu íntimo saber que nem sempre ela é só minha. E nem pode. Tantos outros em sua companhia chegam ao gozo literário. Mas não vejo um que seja com ela o tipo canalha. Isso me conforta, sabe? Nem mesmo o cafajeste dos cafas, outro mestre, Nelson Rodrigues ousou zombar dela como fazia de noivas, moças de família e demais engraçadinhas.

A escrita é quem aluga a gente, meu povo. Experimente escrever algo errado e mostrar para algum metido a sabichão. O esculacho vem na hora. É a chacota gramatical. Ela é cruel, pois se com ela gorar, ri alto na tua cara. Mas ela pode. Ela deve.

Peço licença, mas aproveito o texto para mandar um recado a essa amante eterna: Escrita, eu te amo. Sonho em viver de ti. Pra ti. Fique tranquila, não serei mais besta e tentar te trair, minha cara. Escrita, quando você chegar em casa, antes de deitar sem culpa nenhuma na consciência, dê uma checada na secretária eletrônica. Te liguei e deixei um recado com a voz sussurrante: “Amor, hoje, assim que eu regressar da batalha, quero te pegar pelas letras e te fazer mulher.”

4 comentários:

  1. É como eu já disse, está cada vez mais difícil escrever pra esse blog! rsrs
    ótima "escrita"!
    Vcs fazem um belo casal!

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  2. Que Lula o q... Esse é O cara.. Parabéns! ficou du C@#@lho! =)

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  3. Boa alusão. Temos até algumas safadinhas por aí. Rs...=)

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