segunda-feira, 5 de abril de 2010

A Maldição dos Vieiras

Quem conheceu o seu Vieira, não apenas conheceu um grande romântico, mas aquele da pior laia. Dos irrecuperáveis, incuráveis e indomáveis. Teve diversas amantes, namoradas, esposas e flertes. Com seus olhos verdes, não tinha mulher daquela época que resistisse. Era comum ouvi-las proferirem “Nunca trai meu marido, mas se fosse, teria que ser com o Vieira”. Ele, como qualquer Don Juan, adorava todas aquelas atenções. Casou diversas vezes, tendo filhos em cada união. As mulheres, que não se dava bem no inicio, acabavam virando grandes amigas, talvez por sofrerem do mesmo mal: amar quem não se contentava com um amor só.

Mas quem seria seu Vieira? Oras, Rufino Vieira era meu avô, senhoras e senhores. Sou filha do primeiro filho do terceiro casamento deste incurável e inescrupuloso galanteador. É o mesmo que em seu enterro, foi homenageado pelos filhos com a canção “Suave é a Noite” e que após a missa de sétimo dia, foram todos tomar uma no boteco e brindar pela vida do velho. Afinal, boêmio de primeira, ele mesmo dizia que em seu enterro não queria lágrimas, e sim cachaça. Não foi muito difícil para familiar conceder o seu desejo.

Meu pai tem o nome de seu avô materno, e por isso, não carrega em sua certidão de nascimento o famoso sobrenome. Mas nem por isso escapou de algo que está inserido em toda a família Vieira, algo que para algumas pessoas é considerado um fardo, para outros é apenas um complexo, muitos poderiam chamar também de maldição. Tudo depende da forma que você enxergar o amor.

Do que estou falando? Bom, da mesma forma que meu avô não conseguiu estabilizar-se em um único casamento, ou amar eternamente uma única pessoa, nossa família também não. Entre os mais velhos, é comum se casar duas, três ou até quatro vezes. Eu mesma sou fruto do segundo casamento do meu pai.

Recentemente, meu tio casou-se com a mulher com quem já vivia há anos, e o juiz de paz, não conhecendo a história de amores diversos de minha família começou a fazer um discurso falando mal sobre pessoas que se casavam mais de uma vez, falando que o casamento anterior do meu tio havia falhado por não ter sido abençoado por Deus. Só não sabia ele que a antiga esposa do meu tio era grande amiga da atual, e que só não havia aparecido ao casamento porque sua neta estava doente. Também não sabia o Juiz que no salão estavam várias mulheres e ex-mulheres juntas, assim como maridos e ex-maridos de diversos casamentos.

Meus primos já começaram a se casar e ainda não sucumbiram a maldição. Nossos conjugues estão temerosos. Será que nós, a segunda geração de seus Vieira, nos livramos graças a mistura de sangue com outras famílias? Sinceramente, para nós, os Vieiras, essa é uma maldição que não fazemos muita questão de nos livrar.

4 comentários:

  1. Querida Veriana...

    Quantos casamentos estarão pela sua frente?
    Terá infortúnio ou felicidade eterna,
    o primeiro amante? ... risos ...
    No mais, delicioso seu texto, cúmplice,
    tendencioso, semiclandestino, como os
    bons casos...

    E viva a confraria!

    Quem dera eu participar, que me considero um primeiro romântico... pretenso ... risos ...

    Beijos carinhosos para ti, do seu fã,

    Marcos Afonso.

    ResponderExcluir
  2. Cem anos de perversão, com todo respeito e admiração.

    ResponderExcluir