terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O Mistério de Colombina


Não era acostumada com aquilo. Todos aqueles confeites, serpentinas e máscaras. A música, então, não era exatamente a que costumava ouvir nas festas ou quando sai com os amigos. Não sabia as letras. Bom, pelo menos não nos primeiros minutos, depois de um tempo já tinha decorado e estava cantando e pulando. Mas ela não era daquilo, do Carnaval. Era uma daquelas pessoas que fugia nessa época do ano. O mais próximo que havia chegado era dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro (não gostava das de São Paulo) que via pela televisão, analisando as roupas e esperando a apuração de voto com tanta ansiedade como os bicheiros. Ou seja, não era uma pessoa do Carnaval. Talvez por isso que seus amigos ficaram tão surpresos quando em um final de tarde ela disse que iria pular naquele ano, e começou a ensaiar as marchinhas e ouvir as últimas da Ivete Sangalo (ela até tinha aprendido aquela da Chapeuzinho). Mas todos pensaram que era brincadeira. Ela não teria coragem no final das contas, ia largar tudo por um filme no TCM ou um livro novo. Ate o último minuto eles duvidaram. Foi só quando a viram em um dos blocos vestida de Colombina que perceberam que ela havia falado a verdade. Nem podiam acreditar. Ou melhor, não entendiam os motivos daquela drástica decisão. Ela não era do Carnaval. Ela não gostava daquilo. Mas estava lá, pulando e cantando. Aquilo era um mistério. Era. Ate eles verem quem estava ao seu lado fantasiado de Pierrot.

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