quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Cangaceiro do Amor

Tal qual roedor de laboratório descobre como agir para se agraciar com comidas e escapar das descargas elétricas, muitos espécimes do gênero masculino aprenderam na marra os inglórios e desfortúnios que se passam no processo de graduação em relacionamentos afetivos no decorrer da vida. Somos ingênuos e crentes naqueles sorrisos moleques e despretensiosos (pelo menos, por fora) das moçoilas airosas cúmplices de nossos primitivos esfrega-esfregas. Normalmente, são mais experientes que nós e isso dá uma considerável vantagem no lide com a arte de Afrodite. E cá estamos, pobres bezerros desmamados esfomeados por um teco de atenção ou de um “Você é o homem que sempre procurei!”.

E aí vem o primeiro inferno de Dante do coração juvenil: ela apenas brincava con usted. Muitas vezes, o desagregamento se dá com a pior das formas, com a nossa Julieta se arretando pra algum João, Alberto, Robson ou Chico da oficina, na frente de nós, seu Romeu. A culpa não é total dela. Pelo contrário, que culpa tem se provocou tal sentimento no jovem rapaz? Não, não... Em casos assim, como diz o árbitro, a regra é clara: o crime é sem bandida. Mas nem por isso, as conseqüências deixam de ser irreversíveis.

Nasce aí o ser mais indesejável pelas mulheres, não só deste mundo, mas crê este humilde escritor, do Universo (sim, porque algo bom como um rabo de saia não deve ser exclusividade de um planetinha pequenino com a Terra). Surge a figura do “Cangaceiro do Amor”. “Whatta hell is it?!”, questiona ao mesmo tempo em que exclama embasbacada a senhora inglesa sentada na 4ª cadeira, 8ª fila. Eu explico, minha dama.

Aquele rapazote franzino e de pensamentos puros, como num encanto de bruxa, torna-se o Don Juan da cafajestice. Para ele, mais considerável que o amor para toda vida são as estatísticas de arretos com as mais variadas donzelas, sem dar-se ao luxo de se entregar do vera. Carícias e intimidades com mulheres vêm sem ao menos a informação básica como o nome da companheira. Este cangaceiro do amor sai pelas terras secas dos sentimentos saqueando esperanças e entregas de benévolas moças. É o samba do crioulo doido afim de coisar!

Canalha, Galinha, Mau-Caráter, Duas Caras, Hipócrita e por aí vai de insultos, agora nomeiam os podres diabos que, antes da metamorfose e de saírem de sua crisálida, eram sujeitos cheio das boas intenções. É comum que as mulheres vejam esta figura joguem pedras como se fossem Marias Madalenas do século XXI, mesmo com o intrínseco desejo de mudar a natureza deste fariseu. Eu te arrenego, injustiça!

Não quero aqui rogar pelos pecados deles. As lágrimas de qualquer donzela em sofrimento, só superada com horas de películas românticas e quilos de chocolates, condenam qualquer cabra que se diz macho, não fazendo jus ao perdão presidencial. Venho a cá, apenas explicar como se dá o seu processo de maturação. Afinal de contas, neste cangaço dos encontros e desencontros amorosos o que vale é a antiga lei da selva onde o mais forte sobrevive. Ou não?

7 comentários:

  1. devagar eu chego la..
    kkkkkkkkkkkk

    Bravo!! é um inventário amoroso esse texto.
    hahaha

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  2. E o pior: Esse sujeito vai chamar muito mais a atenção da "donzela" que em outro período foi sua algoz, mesmo não planejado.
    Ah... Eva, por que? rsrsrs

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  3. Como eram ingênuos, probrezinhos... Vida longa aos cafajestes! Ou não...

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  4. Esse texto não deixa de ser um tanto quanto auto-biográfico.

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  5. "{...}afim de coisar(...)" foi ótimo! Adorei a saga do cangaceiro.

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