quarta-feira, 17 de abril de 2019

Desjejum

Quando você me abraçou, o seu cabelo tinha cheiro de cachaça e maconha. Encostei meu rosto ali, sentindo os fios ralinhos e percebi que você estava começando a ficar careca. Deitada na cama, me derreti nos seus braços. Você murmurou alguma coisa, falou que precisava acordar cedo, tinha um compromisso. E eu entendi que daquela vez não iriamos tomar café da manhã juntos. Tentei disfarçar minha decepção, porque eu realmente gostava da forma como você passava café e explicava sobre a importância da temperatura da água, aquele tipo de coisa que só quem trabalhou como barista entende. “Mas eu aprendi com a minha mãe”, você sempre explicava, não importava quantas vezes fizesse o café. Talvez porque suas visitas eram tão distantes que você esquecia que já tinha me contado aquela história. Não, dessa vez você levantaria assim que o despertador tocasse, me daria um beijo nas costas e iria colocar a roupa. Meio dormindo, eu iria perguntar se você gostaria de tomar um banho e, como sempre, você diria que não. “Vou tomar em casa mesmo”. E com um beijo desajeitado iriamos nos despedir na porta de casa. Eu voltaria a dormir e quando acordasse, algumas horas depois, não saberia se a sua visita no meio da noite tinha sido um sonho ou realidade.

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A Veriana Ribeiro voltando em grande estilo pra Confraria

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