segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Saudosa suruba

"Se chove, tenho saudades do sol, se faz calor, tenho saudades da chuva".
José Lins do Rego



“O cabra pode ser valente e chora”, canta a pedra o trovador dessa toada. Faz só metade de hora que arrotei não sentir mais nada pela pequena, e cá estou, achando que nessa vida um sorriso não passará de uma lembrança daquelas que ficaram longe que só. Tento mudar as ideias nessa cabeça.

Passo a mão no meu queixo, até notar a trairagem do acaso: aquele fio de cabelo comprido, presente involuntário esquecido no velcro camuflado de barba por fazer. E ela vai crescer ainda mais.

Para não se sentir largado tal qual o dono, convidará para fazer companhia as olheiras, olhos encharcados, nariz vermelho e boca murcha. É como disse o poeta cantador Fagner e faço questão de repetir “o cabra pode ser valente e chora”.

Tento fugir dessa saudade. Briga perdida. Ela está comigo e não larga. É a nota fiscal de um amor sincero que foi. Ou é. Sim, sim... Ele não morre com palavras esquentadas na frigideira da cólera. É preciso o tempo para matar.

Porém, este piadista de gosto duvidoso resolveu andar a passos vagarosos, só pra ver no que dá. E não dá. Eu a magoei. O que na hora parecia questão de vida ou morte, agora nem cabe na gaveta dos “fuleiros e desimportantes sentimentos”.

Ahora, solo mi riesta terminar essa garrafa de tequila com a Saudade. Essa bêbada desagradável vai dormir comigo nesta noite. E pra completar a putaria bacanesca da minha fracassada biografia amorosa, essa minha amante convidará sua parceira de imoralidade rampeira, a Esperança.

Se a amada se foi, fico aqui, nesse inglório ménage à trois com essas duas vadias.

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