terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Eu falo é de amor...


Foi num dia desses assim, sem muita imaginação, dias em que se perde o sono, dias de inquietação. Caneta e papel à mão, me pus a escrever, por ousadia ou intuição, essa prática me acompanha de longa data, mas agora eu precisava de algo mais, algo que tocasse o leitor, sempre exigente, e com toda razão.
Pensei em falar da dor, do tempo, da vida, afinal, questões existenciais nunca caem em desuso, seria um toque certeiro na alma do leitor. Contudo, fui surpreendida pela falta de palavras. Nem sempre é fácil nomear o inominável, aquilo que se fala com o olhar e com o tocar.
Permanece em mim a vontade de falar, recorri ao dicionário, procurei palavras bonitas, frases feitas, mas acabei retornando ao ponto onde parei. Grandes questões da humanidade! De onde viemos, para onde vamos? Ser ou não ser? Parecia eu a andar na contramão do meu querer, onde estava a inspiração?
Foi então que me dei conta do grande tema, aquele que nunca perde a majestade, que nunca se esgota, que sempre traz uma lição. Ainda que o declarem um tanto piegas ou fora de moda, o AMOR não tem tempo, não tem idade. Vaidades à parte, o amor não envelhece, está sempre à espreita, pronto pra nascer, pra brotar no coração do poeta.
O EROS toma formas diferentes, mas é sempre um jeito de amar, há um amor sempre latente, seja ele do passado, ou amor do presente. Quem nunca teve um amor? Pobre homem, melhor nem nascer. O leitor retruca, eu quero é felicidade plena! De preferência à pronta entrega. Ledo engano.
Quem poderia imaginar uma vida sem dor, sem saudade, sem ardor. Como diria o poeta “o amor é um contentamento descontente”, é um pouco disso tudo que cabe dentro do peito. Cheio de riscos e sem garantias, é preciso vivê-lo, com todas as suas promessas de infinidade e fugacidade.
É, pois, o AMOR o tema a interromper o sono dos escritores, a ocupar estantes nas bibliotecas, a reunir pessoas em confrarias virtuais como esta. É esse mesmo amor que nos preenche, nos inspira e nos questiona _ que queres tu da vida? Mais que vivê-la certamente, AMAR, AMAR, AMAR. Eis a palavra de ordem no coração dos últimos românticos.


3 comentários:

  1. Conseguiu tocar essa leitora aqui! Muito boa escrita. E dou destaque para a frase: "é preciso vivê-lo, com todas as suas promessas de infinidade e fugacidade". Muito bom!

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  2. É um universo que cabe dentro do peito e emociona sempre... e é lindo.

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  3. Uhulll.. Bati palma aqui viu??? Muito bom!

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