segunda-feira, 4 de julho de 2011

Entre Datas




Eu nunca fui boa com números. Sempre demoro para decorar telefones, tenho dificuldade em conferir trocos, fazer contas ou ate mesmo decorar datas. Sério, já esqueci o aniversário de todos os membros da minha família. Não é de se espantar que eu sempre me confunda em nossa história. Afinal, qual foi o final de semana que ficamos pela primeira vez? Qual foi o dia do nosso primeiro beijo? Por quantas semanas ficamos juntos? Quando foi nossa primeira briga? Quantas brigas tivemos? As lembranças vão cada vez mais se misturando na minha cabeça, e muitas vezes eu não consigo me lembrar o que veio antes do que. Fico olhando o calendário e me perco em meio aos números.

Só lembro da nossa última vez. Da última vez que me beijou. Foi no seu quarto. Da última vez que dormi em sua casa. Estava frio, mas você não quis me abraçar. A última vez que segurou a minha mão. Já era noite e pegávamos o ônibus. A última vez que me procurou. Estava inquieto e iamos sair. A última vez que me fez raiva. Almoçavamos. E sei exatamente por quantos dias estamos separados. Isso, eu não preciso nem contar nos dedos. Essa é a unica conta que eu não me perco. Não esqueço, por mais que queira, a data do nosso fim.

A verdade é que eu guardei todas as nossas despedidas. Fico cuidando delas porque é a única coisa que me restou. Quando elas começarem a desaparecer, quer dizer que acabou. E eu não sei se já estou pronta para superar você.

2 comentários:

  1. "O amor acaba para recomeçar", é o que defende uma das minhas cronicas preferidas, do Paulo Mendes Campos (obs: ele é belorizontino). Pensei nisso pq os "últimos" textos desse blog ein... sobre primeiro beijo, últimos encontros, despedidas... Mas é engraçado ver o quanto o ser humano é movido e impulsionado pelo "não", pelo sentimento de negação, como os momentos trágicos e infelizes, muita vezes, duram mais do que os singelos, serenos e felizes... :)

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