sexta-feira, 4 de março de 2011

Quimera, 1978


Remexendo em papéis antigos , reencontrei alguns poemas de meu pai, datados de 1978. Fiz questão de compartilhar um deles com vocês, até mesmo escaneei para que pudessem ter a ideia de como se encontra esse poema hoje:

(Clique na imagem para vê-la ampliada)






Quimera

Quando parti não me deste nada
nem nada queria levar,
queria somente a certeza
de um dia poder voltar.
Em busca de fama e riqueza
Parti pelo mundo afora.
Era um convite auspicioso
que não aceitava demora.

Desconhecendo a ironia
aspirava realizar meu sonho,
que aos poucos se distanciava,
toldava o rosto tristonho.

Notei a mancha enegrecido,
quisera já ter sabido;
eram pessoas que como eu
em busca de sonho, partido.

E um tumulto interior,
uma funda turbação
dentro de mim implorava,
clamando por sua mão.

Mas a distância inimiga
a ignorar o que havia em mim,
vibrava de alegria
no anseio de ver o fim.

Voltar seria humilhante
pra quem saiu a lutar.
Sem nada ter conseguido
ao alto me ponho a olhar.
Como um raio que corta o céu
iluminando o que há na terra,
meus gestos se tornam claros,
o orgulho gera essa guerra.

Passei a dar meia volta,
saindo da vida alvacenta
na certeza de reencontrar
'você' que minh'alma acalenta.

Com os olhos entrelaçados
palavras não são ações;
E num abraço apertado
unimos os corações.

Foi o momento mais puro
por dentre todos demais,
com o mais dócil dos beijos
pediu: não me deixe jamais.


Nivacyr G. Carvalho
17-08-1978

4 comentários:

  1. Uau... então a escrita está na genética.
    Eu acho isso excelente, pais incentivarem seus filhos a ler, escrever e estudar, sempre!
    Seu pai está de parabéns, por ele e por você!

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  2. Uau... então a escrita está na genética. [2]

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  3. Olá Thaís,
    por acaso seu pai Nivacyr morava em Campinas quando jovem? Estamos procurando um amigo com mesmo nome...

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  4. Olá Bia desculpa a demora em responder, mas ele não morou lá não.

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