sábado, 12 de junho de 2010

Sempre Passa



Certa vez você me perguntou o que haviam feito comigo para eu ser tão desajustada. Sinceramente, meu querido, eu não sei. Tive uma boa vida, com pais que me amavam e me apoiavam. Não tenho grades traumas. Nem sempre as coisas saem como eu espero, mas isso é a vida, não é? Um amontoado de planos que dão errado. Mas eu tive uma vida particularmente boa, calma, sossegada, com bons amigos. Então você me pergunta por que eu sempre empurro as pessoas para longe. Por que me afasto a qualquer sinal de intimidade, e não estamos falando aqui sobre o sentido carnal da coisa, mas o sentimental mesmo. E eu não sei o que lhe responder. Depois de tanto tempo, ainda estou procurando as respostas para essas perguntas que só poderiam vir de alguém como você, que me conhece a vida toda, e sabe bem onde ficam minhas feridas, talvez até mais do que eu mesma. A verdade é que, quando eu estou gostando muito de alguém, eu simplesmente ignoro. Fico calada, fumo um cigarro, peço um drink (como diria Caio Fernando Abreu) e espero passar.


Foto por Sarah Hermans

Um comentário: