domingo, 23 de setembro de 2012

A estante



“Os prazeres do amor jamais nos serviram. Devemos nos considerar felizes se não nos aborrecerem” me sopra o filósofo Epicuro me ajudando nessa empreitada, após longa jornada de irresponsabilidade textual, de escrever ao blog.
Passemos então a imaginar nossas vidas como uma grande sala branca, rodeada por estantes que ocupam todo o pé direito do espaço da nossa alma. Coloridas, vagas disformes ao estilo Escher em que são ocupadas por qualidades e defeitos de diversos formatos.
“Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado, quem diz que me entende nunca quis saber” disse Renato Russo ao ficar inconformado com as críticas recebidas diante de sua estante escura, com a pintura manchada pelo tempo e falta de cuidados.
Mas é possível um retoque, diríamos ao mestre do rock que tanto nos compreendeu em forma de letras e cifras. Diríamos ainda que é possível remontar a estante para uma nova análise. Uma mensagem de esperança grudada sobre a mancha, Renato, é tudo o que precisamos!
"Reconhece a queda e não desanima" lembra-nos o próprio Vanzolini no seu samba-aula-canção de vida, nos mostrando que nessa passagem pela vida, são vários os cavalos de Tróia que nos são oferecidos e que a queda é a certeza pelo qual devemos estar sempre preparados.
 “Há males na vida que vem para o bem” nos diz Jorge Aragão, aconselhando- nos a tirar o pó dos livros e Cd’s, nessa estante em construção, deixando-a mais alegre, mas feliz e com um bom espaço para novos postais e cartas de amor.

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