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domingo, 19 de dezembro de 2010

A Ponte


As cicatrizes já não doem, nem mesmo em tempos frios. Se às vezes lembro que existem, o sorriso diminui nos lábios por pouquíssimos segundos. Não mais que isso.

As palavras que por toda uma vida se calaram comigo ferem menos do que as que usei para magoar (mesmo que sem perceber) outras pessoas. É um fato com o qual convivo bem.

Não sou do tipo de pessoa que se arrepende só do que não fez. Na realidade carrego um certo orgulho de muitas coisas que evitei.

Assim como tenho certa angústia de lembrar do que poderia ter feito diferente também carrego a tranqüilidade das coisas boas que conquistei ao longo do tempo.

Já sofri decepções como todo mundo nessa vida. Também já provoquei infelizmente sofrimento em outros.

Já desconfiei de pessoas que mais tarde aprendi que podia confiar. E, infelizmente, também já confiei muito em outros que aprendi, a duras penas, que era necessário duvidar.

Não há nenhuma façanha em tudo isso. Passamos, cada um a seu momento, por situações semelhantes. Mas, a grandiosidade de se abrir os olhos para um novo dia e encher os pulmões de ar me faz ver que é muito bom estar viva para escrever.

Um dia ainda conto a história da ponte pra você. Ou talvez não. Na realidade era um pensamento fruto de uma mágoa que um dia tive.

Quer mesmo saber? ...

Bem, a ponte nem mesmo existe, só que aqui, na minha imaginação, era bem alta, sem cordas pra se segurar, balançando sobre um precipício.

Altíssima, estreita, comprida e completamente insegura - eu jamais ousaria passar sozinha por ela! Mas, por diversas vezes me ofereceram a mão para me acompanhar até o outro lado. Quando dei por mim, estava lá bem no meio da ponte... e sozinha.

Sei que parece triste. Só que eis que aparece você, segura firme minha mão e me ajuda a equilibrar. E ainda agora estamos passando pelas inseguranças dessa ponte. Ela às vezes parece uma aventura perigosa, mas com você ao meu lado conquistei essa certa coragem. Acho que isso me basta para enfrentar o medo e sorrir. E só precisamos continuar de mãos dadas assim.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A gente nunca esquece...


... A primeira vez: o primeiro olhar, o primeiro beijo... são todos tão valiosos para uma relação e por isso mesmo tão citados. Um desses momentos - quase sempre esquecido - porém igualmente ou ainda mais valioso é o primeiro encontro de mãos.
Estar em contato com uma pele que antes nunca tenha tocado, sentir a textura do outro, sua diferente temperatura são essenciais para o amor.
Sejam mãos inseguras ou firmes, delicadas ou calejadas, pequenas, grandes, macias, ásperas, tímidas ou decididas. O primeiro ato de dar as mãos em um romance é a descoberta do outro. Dá uma sensação de que, de mãos dadas (com aquelas específicas mãos, insubstituíveis pro coração) é possível enfrentar tudo que vier.
É a partir desse conhecimento (e reconhecimento) das mãos do outro que nasce uma certeza ainda mais forte de que não se está só no mundo. Que se separem por algumas horas, dias ou meses... mas sabe-se que a extensão de si mesmo pode ser reencontrada e novamente conectada por elas. Tão frágeis, mas tão grandiosas - as nossas mãos dadas, confiadas, sejam por amor, ou paixão... ou não.


Thaís Carvalho