
Das mil qualidades que ele procurava, ela possuía novecentos e noventa e nove, o único defeito era um pequeno desvio no olhar que o incomodava profundamente, nada de mais para quem até então colecionara um arsenal de decepções.
Ele a quis por muito tempo, a esperou por um tempo maior ainda, mas a regra é clara: mulheres encantadoras são complicadas. Há teorias que tentam explicar esse fenômeno, e a melhor delas afirma que ao reunir um rebanho de qualidades como: inteligência, honestidade, beleza e humildade de algum modo provoca nas leis da metafísica uma reação natural (complicated como diria Avril Lavigne) que não permite a perfeição.
Sob essa reação, a indecisão foi o principal efeito colateral. Ela já não conseguia decidir-se entre o vestido vermelho ou o preto, entre o teatro ou o circo, entre a mesmice e o novo, e era necessário. E assim foram empurrando com a barriga, entre um afago e um chá de sumiço, entre sonhos e projetos paralelos, entre o hoje e o futuro promissor.
O final da história não é conhecido (inocência nossa pensar que seria fácil), mas esse recorte da realidade nos permite dizer que a ávida vida é mesmo uma grande ironia, quando se tem tudo é possível que não se tenha nada.
Muito bom! principalmente a afirmação entre parênteses: "inocência nossa pensar que seria fácil"!
ResponderExcluirÉ, seria engano da minha parte dizer q nós mulheres não somos complicadas. Somos sim! Mas a vasta maioria dos homens também. (Sugestão pras meninas: escrever um texto "Homens complicados e encantadores")rsrsrsrs
;D Amei o texto, parabéns Ulisses!
Nossaa, texto profundo hein...rsrrsr...gostei do teor do texto...algo bem real..parabéns...beijos...
ResponderExcluirÉs deveras profundo.
ResponderExcluirthank's! ;)