ou A Retratação Anatômica Fetichista
Peitos, rostos, bocas, olhos, bundas e, quiçá, pernas são tidas como “os” objetos de devoção para um fornecedor de costelas. Já para outros ordinários, a veneração pende a partes tidas, vai saber a razão, esdrúxulas como pés, sovacos, joelhos et cetera. Mas há, nesse oásis das águas na boca masculinas que é o corpo de uma mulher, artifício que não recebe ou recebeu seus créditos como devia: os ombros. Deixo claro que não venho aqui para desmerecer demais regiões da anatomia feminina. Apenas, peço, é justiça lascívia.
Que vergonha – plausível de, como punição, receber um reverberante “tapa no pé d’ouvido” – para os românticos do mundo real ou literário! Como se encaram no espelho, Regis, Isnard e Ulisses? O que dizes, Cyrano? Parla, Casanova! Let’s on, Romeu! Hablas, Don Juan? Até um conquistador maquiavélico como você, Valmont, deu por despercebido estes suaves ângulos retos que geram em nós, varões, pensamentos tortos.
Pois bem, vamos acabar de vez com este mal-entendido. Ombros, estas retas-curvas têm a capacidade de transformar santas em pecadoras, senhoras em doutoras em concupiscência, pequenas em gigantas da libertinagem. E nós, viramos os lobos-maus no cio, por culpa deles. Admita, rapaz...
Antes o pensamento da avarenta era “Não vou pagar peitinhos, ou usar um decote matador, tampouco mostrar cofrinho. De mim, só o rosto, braços e calcanhares”. Mas eis que o inventor do “tomara-que-caia” – este sem dúvida é dono de uma cobertura no Paraíso com excepcional vista para Copacabana divina – teve a eureka de sua vida e compartilhou com o mundo sua invenção. Aliviou nossa agonia. É a amostra-grátis do layout da dama.
Para elevar ainda mais o grau de santidade dos ombros, apresento agora outra qualidade: a sinceridade. Sim, eles são mais honestos que garis de aeroportos que devolvem todo mês malas contendo milhares de dólares. Assim como o gogó, os ombros de uma donzela são facilmente pontos inconfundíveis com os de um marmanjo. Ignorância do Ronaldo!
Dizem alguns apócrifos que ao castigar Eva, Deus por um trisco não levou seus ombros. Mas eis que ela implorou clemência, pois, desde lá, já sabia do poderio bélico neles contidos. A cobra, em sua estupidez, riu e debochou do pedido. O Todo-Poderoso virou para ela e sacramentou “Maldita seja dentre todos os animais! Rastejarás sobre teu ventre...”, decepando assim tal parte como todos sabemos.
Mas vejam só a generosidade do Criador. De todos os trechos do corpo, este é um dos únicos livres de rugas ou pés-de-galinha. A estátua de Vênus – deusa responsável pelos gozos da vida – é maneta, mas nem por isso Milo fulerou e a desproveu de tê-los. Ombros são eternos. Ombros são ternos. Ombros não envelhecem. Meu amor, não me dê com os ombros. Ou melhor, me dê com os ombros.
“Como o Kama Sutra ensinou que os ombros e clavículas são zonas erógenas, acredito que isso ficou marcado na cultura indiana e no imaginário sexual.”
Jarid Arraes Singh
Peitos, rostos, bocas, olhos, bundas e, quiçá, pernas são tidas como “os” objetos de devoção para um fornecedor de costelas. Já para outros ordinários, a veneração pende a partes tidas, vai saber a razão, esdrúxulas como pés, sovacos, joelhos et cetera. Mas há, nesse oásis das águas na boca masculinas que é o corpo de uma mulher, artifício que não recebe ou recebeu seus créditos como devia: os ombros. Deixo claro que não venho aqui para desmerecer demais regiões da anatomia feminina. Apenas, peço, é justiça lascívia.
Que vergonha – plausível de, como punição, receber um reverberante “tapa no pé d’ouvido” – para os românticos do mundo real ou literário! Como se encaram no espelho, Regis, Isnard e Ulisses? O que dizes, Cyrano? Parla, Casanova! Let’s on, Romeu! Hablas, Don Juan? Até um conquistador maquiavélico como você, Valmont, deu por despercebido estes suaves ângulos retos que geram em nós, varões, pensamentos tortos.
Pois bem, vamos acabar de vez com este mal-entendido. Ombros, estas retas-curvas têm a capacidade de transformar santas em pecadoras, senhoras em doutoras em concupiscência, pequenas em gigantas da libertinagem. E nós, viramos os lobos-maus no cio, por culpa deles. Admita, rapaz...
Antes o pensamento da avarenta era “Não vou pagar peitinhos, ou usar um decote matador, tampouco mostrar cofrinho. De mim, só o rosto, braços e calcanhares”. Mas eis que o inventor do “tomara-que-caia” – este sem dúvida é dono de uma cobertura no Paraíso com excepcional vista para Copacabana divina – teve a eureka de sua vida e compartilhou com o mundo sua invenção. Aliviou nossa agonia. É a amostra-grátis do layout da dama.
Para elevar ainda mais o grau de santidade dos ombros, apresento agora outra qualidade: a sinceridade. Sim, eles são mais honestos que garis de aeroportos que devolvem todo mês malas contendo milhares de dólares. Assim como o gogó, os ombros de uma donzela são facilmente pontos inconfundíveis com os de um marmanjo. Ignorância do Ronaldo!
Dizem alguns apócrifos que ao castigar Eva, Deus por um trisco não levou seus ombros. Mas eis que ela implorou clemência, pois, desde lá, já sabia do poderio bélico neles contidos. A cobra, em sua estupidez, riu e debochou do pedido. O Todo-Poderoso virou para ela e sacramentou “Maldita seja dentre todos os animais! Rastejarás sobre teu ventre...”, decepando assim tal parte como todos sabemos.
Mas vejam só a generosidade do Criador. De todos os trechos do corpo, este é um dos únicos livres de rugas ou pés-de-galinha. A estátua de Vênus – deusa responsável pelos gozos da vida – é maneta, mas nem por isso Milo fulerou e a desproveu de tê-los. Ombros são eternos. Ombros são ternos. Ombros não envelhecem. Meu amor, não me dê com os ombros. Ou melhor, me dê com os ombros.
kkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirGenial!!
Very gooooood! =D
A-DO-RO!!!
ResponderExcluirEu sou fã desse garoto!
ResponderExcluirMenino, arrasou! Amei o texto! Vou usar mais essas armas poderosas!! Rsrs!!
ResponderExcluirBjs
Do twitter: @helderjr continue com o Dicionário da Mulher! Fale dos nossos tornozelos, panturrilhas, cintura, umbigo, nuca... Bravíssimo, rapaz!
ResponderExcluirMuito bom!
ResponderExcluirTaí um dos meandros do universo feminino corporeo que pouca gente fala, mas de muita gente atrai a atenção.
ResponderExcluirTextos que utilizam recursos históricos são os melhores!
ResponderExcluirBruna Guedes.
Fornecedor de costelas foi demais! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirMuito bom!